Exercícios de Improvisação Para
iniciantes
Lionel Fischer
Cena curta – criar
uma cena passando pelos três estímulos, na ordem.
A
angústia/alívio/amor
B
busca/bondade/beijo/
C
carência/carícia/casamento
D dívida/dádiva/dúvida
E esperança/espera/escrotice
F
força/foco/fica
G
gemido/ganância/gozo
H
história/histeria/habitação
I
intriga/instante/inútil
J
jogo/justiça/jaca
L
luta/luto/luz
M
medo/mácula/música
N
negação/novidade/nudismo
O
onda/ódio/onde
P
perda/perto/perplexidade
Q
querer/queimadura/queijo
R
raiva/rosto/rumo
S susto/sinto/saudad
T
teimosia/temporal/tenacidade
U
único/última/ultimato
V
vitória/ vontade/ volúpia
X
xuxu/ xepa/xispa
Z
zona/zodíaco/zero
Tesouras rítmicas
– dois alunos, duas tesouras. O primeiro faz uma pequena seqüência, que o
segundo tem que repetir. Depois, inverter. Até aqui, só memória. Em seguida, o
primeiro faz uma pequena seqüência, um aluno de fora coloca um texto. O segundo
responde com a tesoura, um outro aluno coloca um texto. E assim seguimos por um
tempo.
Criando um texto – o
aluno entra, já com uma atitude/sentimento. Pára num local, congela. Em
seguida, vai para outro ponto e congela. Vamos fazer cinco mudanças. O aluno
repete tudo que fez. Em seguida, repete, parando, e alguém de fora coloca um
texto quando a cena congela. Depois, nova repetição, outro aluno coloca
um novo texto, completamente diferente, em cima da mesma seqüência. Finalmente,
o primeiro aluno faz toda a seqüência colocando seu próprio
texto.
História em
duplas - oito atores, lado a lado, em fila. O primeiro
começa a relembrar qualquer coisa envolvendo aquele que está ao seu lado. Este
retruca. Em seguida, os dois vão para o final da fila e a dupla seguinte
avança. Cada ator só pode usar uma frase, de preferência curta. E o assunto
deve evoluir, podendo tomar rumos imprevistos. Mas não vale criar frases
disparatadas. A história tem que fazer sentido, mesmo que sua conclusão seja
completamente inesperada com relação ao início. Vamos rodar as filas três
vezes.
Ida e volta - dois
atores, sentados, bem perto, um de frente para o outro. Começam a trocar
ofensas, num ritmo bem rápido. As ofensas devem se limitar a uma palavra.
Ao mesmo tempo em que se ofendem, vão recuando o corpo. Quando estão bem
afastados, congelam. A seguir, vão se reaproximando, só que agora trocando
palavras gentis, num ritmo bem lento.
Criando uma história - dois
atores iniciam uma cena. No sinal, congelam. Outros dois os substituem e
continuam a cena. E assim por diante. Fazer com quatro duplas. A última deve
concluir a cena, que deverá necessariamente evoluir, como se fosse um pequeno
esquete.
Cantando um trecho de
música - quatro atores. Cada um canta um trecho de uma música.
Depois, cada um repete o trecho cantado como se fosse o texto de uma peça.
Reação instantânea –
individual. O professor diz a frase e o aluno deve justificá-la, com toda a
seriedade, no prazo máximo de 1 minuto.
Se chifre fosse flor, a cabeça do Lionel era um jardim!
Quando a jabuticaba é pouca, a gente engole o caroço!
Mesmo quando descansa, o Diabo amola as moscas com o rabo!
O mentiroso, quando diz a verdade, adoece!
Os apaixonados sofrem mais que sovaco de aleijado!
Fazendo um jingle - 4
atores no palco. A cada um o professor diz um nome – sapato, calcinha, relógio
etc. O aluno deve imediatamente fazer uma música curtíssima.
Frase que aumenta - 4
duplas, uma de cada vez. A primeira e a última palavra não podem mudar.
Exemplo: “Você é muito burra”. “Você, desde ontem, é muito burra”. “Você,
desde ontem, depois de negar o que eu pedi, é muito burra”. “Você, desde ontem,
depois de negar o que eu pedi, e eu pedi com tanta delicadeza, é muito burra”.
“Você, desde ontem, depois de negar o que eu pedi, e eu pedi com tanta
delicadeza e sorrindo, é muito burra”. E etc. Objetivo: construir a maior frase
possível.
Cortando palavras – A
partir de um tema – por exemplo, separação – dois alunos fazem uma cena, só
podendo usar frases de quatro palavras. Em seguida, outra dupla faz a mesma
cena, mas só usando três palavras por frase. A terceira dupla usa duas palavras
e a última, uma.
Desfazendo um sonho –
individual. Uma jovem de 15, 16 anos, está diante de um espelho, acabando de se
arrumar. Vai sair, pela primeira vez, com aquele que julga ser o menino da sua
vida. O telefone toca. Ela atende e nada fala, só escuta o rapaz dizer que não
poderá vir. Ela volta para o espelho, começa a tirar a maquiagem etc.,
sem pronunciar uma única palavra.
Cortando palavras – A
partir de um tema – por exemplo, separação – dois alunos fazem uma cena, só
podendo usar frases de quatro palavras. Em seguida, outra dupla faz a mesma
cena, mas só usando três palavras por frase. A terceira dupla usa duas palavras
e a última, uma.
Desfazendo um sonho –
individual. Uma jovem de 15, 16 anos, está diante de um espelho, acabando de se
arrumar. Vai sair, pela primeira vez, com aquele que julga ser o menino da sua
vida. O telefone toca. Ela atende e nada fala, só escuta o rapaz dizer que não
poderá vir. Ela volta para o espelho, começa a tirar a maquiagem etc.,
sem pronunciar uma única palavra.
Criação em grupo 1 – dividir a
turma em grupos. Cincominutos para preparar uma cena que tenha como tema
uma frase – por exemplo, “Nunca mais”. Em algum momento essa frase tem que ser
dita. Cenas curtas.
Criação em grupo 2 – toda
a turma. O tema pode ser, por exemplo, “Na primavera eu volto”. Tempo de
preparação: 15 minutos. Tempo da cena: 10 minutos. OBS: a frase/tema tem que
fechar a cena.
Conquista em versos – exercício para
duplas. Cada apaixonado diz uma frase bem curta e o outro a completa. Por
exemplo:
Ele – Quando te vi, era inverno.
Ela – Você estava lindo, de terno.
OBS: o importante é não apenas rimar, mas criar uma pequena
história.
Memória – exercício em duplas.
O exercício termina quando algum dado for omitido na seqüência de frases.
Por exemplo:
Qual o seu nome? Meu nome é Paulo / Mentira. Seu
nome é Henrique/ Tem razão. Meu nome é Henrique/ Quantos anos você tem?/
35 / Mentira. Seu nome é Henrique e você tem 23 anos./ Tem razão.
Meu nome é Henrique e eu tenho 23 anos/Qual a sua profissão?/
Engenheiro/ Mentira. Seu nome é Henrique, você tem 23 anos e é personal
training / Tem razão. Meu nome é Henrique, tenho 23 anos e sou personal training/ Você
tem namorada?/ Tenho / Mentira. Seu nome é Henrique, você tem 23
anos, é personal training e não tem namorada/ Tem razão. Meu nome é Henrique,
tenho 23 anos, sou personal training e não tenho namorada/ Onde você
mora?/Leme/ Mentira. Seu nome é Henrique etc...
Perdão – Amigas desde a infância, já adultas uma
dela se torna amante do marido da primeira. O caso é descoberto. Rompimento.
Arrependimento. Tentativas de encontro fracassadas. Até que um dia, dois anos
depois, a que foi traída resolve receber a ex-amiga. Houve suas razões. Há
possibilidade de perdão?
Encontros Inesperados
1) Bordel –
cafetina, pai e filha. A cafetina diz à garota que hoje ela vai conhecer um
cliente super importante, um homem riquíssimo, de São Paulo. A cafetina sai. A
garota está se ajeitando diante de um espelho. O homem entra. Se aproxima.
Acaricia a garota. Ela se vira. O homem está diante de sua filha. Pouquíssimas
palavras, de preferência nenhuma. O que importa é o impacto da situação.
2) Num
bar – reencontro com um grande amor. Ela está sentada, ele a vê.
Tiveram um romance muito tempo atrás. Ambos se casaram com outras pessoas.
Mas...Ele se aproxima, uma grande emoção toma conta dos dois. O que fazer?
Confissão – Filho
diante de pai agonizante – algo ficou por dizer? Algum agradecimento?
Despedida – duplas.
Começa num abraço, se separam, se afastam. Se olham, correm, se abraçam, se
afastam. No final, apenas se olham, de longe, e não mais se aproximam.
Interpretando
anúncios – O aluno abre um jornal numa página qualquer, escolhe
um anúncio e o lê de três maneiras diferentes, impulsos emocionais diferentes.
Esculturas – oito
alunos. Três grupos. Três músicas diferentes produzem três esculturas
diferentes. Depois de prontas, as esculturas são desfeitas – o último que
entrou sai primeiro, depois o penúltimo etc., até ficar o primeiro.
Conversa louca – duplas,
frases curtas. Toda frase tem que começar com a última palavra dita pelo outro.
Por exemplo:
A – Você não passa de um idiota!
B – Idiota eu fui quando me apaixonei por você!
A - Você está sendo agressivo...
B – Agressivo? Você ainda não viu nada!
Pecados Capitais - dividir o grupo. Cada grupo
terá 10 minutos para bolar uma cena sobre um determinado Pecado (Luxúria,
Avareza, Soberba, Gula, Inveja, Ira e Preguiça). Detalhe: todas as cenas terão
que ser cômicas e não vale
aproveitar cenas já feitas ou conhecidas.
No sótão – quatro irmãos visitam o sótão da casa
em que passaram a infância. Com a morte dos pais, a casa será vendida. Recordações.
Os brinquedos. O sótão está igual.
Caretas - exercício para duplas. Sentados lado a
lado, olhando pra frente, no sinal os alunos fazem um careta, que deforma seu
rosto. Em seguida, sem desarmar essa careta, travam um diálogo, como se
estivessem se vendo pela primeira após marcarem um encontro via Internet. A voz
tem que ser resultante dessa careta.
Briga de faca – Ritmo mais lento possível. Quatro
contra quatro.
Discussão em língua estranha com tradução
simultânea – sentados na mesa de um bar, um casal discute numa língua
incompreensível. Cada um dos personagens tem a seu lado um tradutor simultâneo,
que fala em português, imediatamente, o que a pessoa falou. As frases têm que
ser curtas.
Subversivos – à espera do próximo interrogatório. Depois
de um tempo, entra um guarda. Leva um deles.
Aquecimento – luta, conduite.
Desfazendo um sonho – adolescente diante de um espelho,
aprontando-se para o primeiro encontro com o “menino de sua vida”. Anos 50/60.
O telefone toca. O cara diz que não vai. Ela nada diz. Volta para a
cômoda/espelho e retira a maquiagem, as coisas que colocara etc.
Exame – clínica. Cada personagem está à espera do
resultado de um exame que poderá significar morrer ou viver. Entra a
enfermeira, distribui os envelopes. No que estiver escrito POSITIVO, a pessoa
vai morrer. No negativo, vai viver. Sem palavras, sem relação entre os
personagens.
Solidão – grupo caminha lentamente pelo espaço, sem
estabelecer qualquer tipo de relação. Os atores caminham o mais lentamente
possível. Num dado momento, quando entra o piano, correm até um ponto e julgam
ver passar, ao longe, a pessoa “que se foi”. Acompanham com o olhar essa
pessoa, que logo adiante desaparece. Todos retornam ao estado inicial, só que
ainda mais sozinhos. Este exercício será feito tendo como música de fundo o 2º
movimento do Concerto “Imperador”, de Beethoven. OBS: cada ator imagina o que
quiser, mas tem que ter sido uma perda grave.
A partir de um sentimento/postura – o ator caminha pelo
palco e para num dado momento, expressando o mais possível um sentimento, uma
situação, um estado. Congela. Em seguida, ele repete o que fez e congela.
Então, um outro ator, previamente escolhido e que o observava, entra e faz uma
cena a partir do que sentiu na postura congelada. OBS: o ator que entra não tem
como adivinhar a razão da postura, mas vai propor algo a partir dela. Ou seja:
se o ator congela com “medo”, o que entra não sabe a razão desse medo, e pode
piorar esse estado, suavizá-lo etc.
Apenas 1 minuto – dividir a turma em três grupos.
Propor ao primeiro uma cena, especificando o contexto, quem são os personagens
e o objetivo principal de cada um. O grupo tem 1 minuto para preparar a cena e
1 minuto para apresentar. As propostas vão sendo dadas depois que cada grupo
realiza a sua, senão o segundo e terceiro grupos, por exemplo, teriam mais
tempo para preparar. Feitas as três cenas, escolhemos a mais interessante.
Então, o grupo que a realizou a repete, aumentando-a um pouco. No sinal,
congelam e entram outros três, que dão prosseguimento à cena, aumentando-a.
Finalmente, entra o terceiro grupo, repetindo o mesmo mecanismo. Ou seja, o que
durara apenas 1 minuto no início, pode durar uns 15 minutos no final.
Pescadores – mulheres (ou parentes) de pescadores estão
na beira da praia, aguardando a volta de seus entes queridos. Soube-se que
houve uma forte tempestade. Depois de um tempo, algumas velas começam a
aparecer no horizonte. As jangadas se aproximam. Todas as pessoas, menos uma,
reconhece alguém. Fica uma última. Seu homem (ou parente) não voltou. Exercício
sem palavras.
Retirantes – grupo exausto de retirantes nordestinos
fugindo da seca. Não conseguem mais caminhar. Então se acomodam, depositando
toda a esperança de sobrevivência na chuva. Depois de um tempo, surge ao longe
uma nuvem escura. Mais adiante, essa nuvem se aproxima. Finalmente, ela para em
cima do grupo. Choverá ou não? Começa a chover. Aos poucos, uma chuva fina.
Depois, um toró. O grupo está salvo. Viver a esperança, a expectativa, a
surpresa,e, finalmente, o enorme alívio.
Exercício sem palavras. Talvez caiba uma reza e, no final,
exclamações.
Uma pessoa no meio – duas histórias, um ouvinte. Frases
curtas. No fim, o ouvinte deve ser capaz de sintetizar as duas histórias. Estas
devem ser contadas rapidamente, sem intervalo, e o que escuta nada diz – no
máximo, um “sim”, ou “não”, um “é verdade” etc.
OBS: alguns exercícios são de autoria Lioneol Fischer, outros de Maria
Clara Machado e de Viola Spolin.
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