Material de Apoio
Introdução
Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo
para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. (1 Co 9:21)
A definição mais conhecida de “teatro evangélico” é
a que diz que, este é o responsável por trazer “Jesus em Cena”. E está aí a
principal diferença entre o teatro secular e o teatro evangélico: Jesus, tanto
na mensagem como nas pessoas que levarão a mensagem.
A questão agora é: Como levarei a mensagem de
Deus através do Teatro?
Pense numa rádio, você está ouvindo música,
até aí tudo certo, porém, bem na hora que toca a sua música predileta começa a
dar interferência. Você põe “Bombril” na antena, dá uns tapas no rádio, tenta
sintonizar a estação, e nada, “A Voz do Brasil” (aquele programa chato) ou as
notícias da CBN insistem em atrapalhar a transmissão da música.
Sabe por que a ilustração da interferência?
Porque uma vez que o mais importante no teatro evangélico é a mensagem, ela não
pode ser passada com “interferências”, muito pelo contrário, tem de ser
espiritual, ungida e nítida.
Mas o que é necessário para se passar uma
mensagem espiritual, ungida e nítida? Cuidar de três aspectos: O espiritual, o
grupo e a técnica, e as interferências ocorrem justamente quando omitimos ou
negligenciamos quaisquer destes aspectos.
Espiritual – Como vamos encenar sobre
Jesus e Sua Palavra se você não está em “sintonia” com Ele?
Grupo – Nenhum trabalho é feito sozinho, Deus “ordena a benção”
onde há união e concordância.
Técnica – Você já viu um jogo de
futebol onde todo mundo corre atrás da bola e não sai nada? Pode até ser
engraçado no princípio, mas depois se torna entediante, pois ninguém ali sabe
ao certo o que está fazendo. Como as pessoas prestarão atenção se nos
mostrarmos despreparados, tal como o jogo citado?
"Ser
bênção para a vida dos outros é criar os meios para que a graça de Deus os
envolva trazendo salvação, reconciliação, cura e libertação. É agir para que o
cansado encontre alívio, para que o doente ache consolo, para que o perdido
seja achado. É usar os dons e talentos que Deus nos deu para criar novas
esperanças e para alimentar a fé de outros" (Pr. Ricardo Barbosa de
Souza).
Primeiro Ato – O Espiritual
E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e
alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo. (1 Ts 5:23)
Se você soubesse que iria ganhar uma
oportunidade para pregar no Domingo a noite, como reagiria? Iria assistir TV e
dormir a semana toda passando longe da Bíblia ou iria se dedicar à oração, ao
jejum e a leitura bíblica?
Não é porque a forma de pregação é diferente,
que vamos nos preparar espiritualmente de modo diferente.
Fazer uma peça de teatro não é brincadeira.
Estamos oferecendo nossas vidas para a pregação do evangelho. Logo é OFERTA, e
oferta não pode ser qualquer uma, nem oferecida num altar de qualquer jeito.
E se o meu povo, que
se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se
converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os
seus pecados, e sararei a sua terra. (2 Cr 7:14)
Conserte o altar – Tem
algo errado em sua vida? Aquele erro no qual você se acomodou, uma mágoa
guardada, um pecado não confessado, enfim, algo que te impede de servir a Deus
com o coração INTEIRO? Não dê lugar ao acusador, peça ao Espírito Santo que
mude a sua vida e faça a sua parte, fugindo daquilo que te faz cair e não se
envolvendo com práticas que te induzam ao erro, ainda que a prática em si não
seja errada.
Ore – Dependemos
de Deus em tudo, desde a vida de cada integrante, passando pelo texto, chegando
na apresentação e culminado com as vidas que assistiram. Tudo depende da benção
de Deus e nós dEle. (Jo 15:5).
Jejue – Jejum
é como colocar um aviso de URGENTE num pedido. Através do jejum você renuncia
uma vontade lícita, demonstrando que valoriza mais o espiritual em detrimento
do material. Não apenas faça um jejum, mas ofereça-o a Deus, pedindo a Ele
primeiro por sua vida, depois pelo grupo, pela pregação da Palavra e pelas
pessoas que ouvirão.
Leia a Bíblia – Se
através da oração você fala com Deus, através da leitura bíblica você ouve Deus
falar. Como você irá pregar de algo que não conhece?
É possível interpretar um cancerígeno sem nunca ter
tido câncer, ou mesmo um drogado sem nunca ter experimentado drogas. Mas
dificilmente você conseguirá transmitir Cristo se não teve uma experiência
verdadeira com Ele.
Um trabalho espiritual, se faz com pessoas
espirituais, não negligencie a consagração, a oração, o jejum e a leitura
bíblica, eles são necessários não apenas para quem trabalha na Obra de Deus,
mas são fundamentais na vida de qualquer cristão.
Porque dele, e por ele, e para
ele são todas as coisas, glória, pois, a ele eternamente.
Amém! (Rm 11:36)
Dele – A
obra é de Deus, não se esqueça disso, principalmente quando pensar em fazer de
qualquer jeito, seja porque está triste ou por achar que ninguém reconhece seu
trabalho.
Por Ele – Não
é para aparecer, para se divertir, ou para seus pais tirarem fotos sua, é por
amor a Ele. Por Ele ainda nos lembra que sem Ele nada podemos fazer, ou seja,
não é por mérito seu, ou meu, e sim por Ele.
Para Ele – O
intuito principal não é agradar o líder, ou mesmo orgulhar sua mãe, e sim,
oferecer um trabalho a Deus. Ofereça seu tempo, sua dedicação, sua vida a Deus,
pedindo que Ele te use conforme lhe aprouver. E lembre-se que para Deus não é o
que sobra ou o que não te faz falta e sim, o melhor.
Porque não temos que lutar contra
carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra
os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade,
nos lugares celestiais. (Ef 6:12)
Com o tempo você perceberá que quando trabalhamos
para Deus, tudo tende a dar errado.
Boa parte do que dá errado é nossa culpa, falta de
ensaios, de organização, de disciplina, etc. Porém existem coisas que são
claramente investidas do inimigo contra nós: Aquela voz na sua cabeça dizendo
que vai dar tudo errado, que você está em pecado e por isso Deus não vai te
abençoar que você é um inútil e que Deus nunca te escolheria ou te usaria. Ou
mesmo aquela briga com seu amigo na véspera da apresentação, uma fofoca armada
para cima de você ou aquela palavra que mesmo sem intenção é arrasadora e vem
justamente de uma pessoa que você nunca imaginava ouvir.
Saiba que Satanás sempre lutará contra a Pregação
do Evangelho, pois ele sabe do poder que tem a Palavra de Deus (Porque a
palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois
gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é
apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. (Hb 4:12)). Não
se deixe abater, nem dê ouvidos ao inimigo, ele é o pai da mentira (Jo 8:44),
confie em Deus pois, maior é o que está em nós do que o que está no mundo (1 Jo
4:4) e em Cristo, somos mais do que vencedores (Rm 8:37).
A luta com certeza vai vir, os problemas com
certeza vão surgi e você precisará de maturidade e força espiritual para lidar
com isto. Por isso não comece a fazer teatro por qualquer outro motivo que não
seja servir a Deus, pois você pode se decepcionar.
Fazer teatro
assim é fazer como Jesus faria. É tornar-se um reflexo de Cristo e, com isso,
trazê-lo pra perto do público. É dividir a vida abundante, que temos recebido
de Deus, com outros. Logo é engrandecer e fazer conhecer o Reino de Deus.
(Frase retirada do site http://www.montesiao.pro.br/teatro/menuteatro.htm)
Segundo Ato – O Grupo
Oh!
Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!
Porque ali o SENHOR ordena a
bênção e a vida para sempre. (Sl 133: 1 e 3b)
Grupo: Conjunto de indivíduos que têm interesses
comuns.
Num grupo não existe a filosofia do “cada um com
seus problemas” ou mesmo a “dos melhores sobrevivem”, somos todos, ainda que
diferentes, integrantes de um trabalho, cada qual com sua importância, não
existindo assim o maior ou o melhor e sim UM OBJETIVO.
Você costuma assistir horário eleitoral?
Provavelmente não, mas com certeza já viu ou ouviu falar do PRONA, o partido do
Enéas.
Há algo que me chama a atenção neles, eles fazem
questão de ser diferentes, primeiro com a música de fundo que parece mais
vinheta do “Supercine” com filme de suspense do que fundo para propaganda
eleitoral (que geralmente ou são musiquinhas ridículas com rimas mais toscas
ainda, ou algo que demonstre a circunstância: alegria quando vai pedir seu
voto, tristeza quando fala da atual situação e assim vai) e segundo, a forma
que eles transmitem a mensagem:
Falamrápidoiguaisunsdesesperadosparecemquenemrespiramdireitoenofinal:
5650, meu nome é Avanirrrr!
A identificação do grupo é importante, e não me refiro
aqui ao nome do Grupo e sim sobre seus objetivos, a forma como encara o
trabalho. Eis algumas características imprescindíveis:
Temor a Deus;
Submissão aos líderes;
Responsabilidade;
Bom testemunho;
Comunhão, uns com os outros. *
*Apesar de enumerado por último, este é o mais
importante, haja vista que Jesus disse que reconheceriam que somos Seus
discípulos, se nos amassemos um aos outros,
Assim, edificamos o muro, e todo o muro se cerrou até sua metade; porque
o coração do povo se inclinava a trabalhar. (Ne 4:6)
Neemias sofreu para construir o muro, alguns judeus
se colocaram contra o trabalho, armaram intrigas, intentaram de todo o jeito
desmotivar, mas com a ajuda de Deus e a união do povo que se engajou na
construção, o muro foi construído para a honra de glória de Deus.
O Princípio da Igualdade
Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu
senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. (Jo 13:16)
Você lembra da definição de grupo? Estamos reunidos
em torno de um interesse comum: Servir a Deus através do teatro.
Note bem que intérpretes, músicos, diretores,
auxiliares, todos, sem exceção, são SERVOS DE DEUS. De forma que não há o mais
importante, ou o melhor, todos nós somos iguais, com responsabilidades iguais,
porém em departamentos diferentes.
O Princípio da Ajuda Mútua
Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um
considere os outros superiores a si mesmo. (Fl 2:3)
Calma, isso daqui não é aquela corrente ridícula
que diz que você tem que mandar seis reais pelos correios e esperar o dinheiro
chover na sua conta corrente.
Em Isaías 41:6 a Bíblia diz que um ou outro ajudou,
e ao seu companheiro disse: esforça-te. O princípio da ajuda mútua é justamente
isto, ajudar seu companheiro ao invés de depreciá-lo.
Não fique irritado com seu irmão só porque ele não
possui as mesmas habilidades do que você. Somos um grupo justamente para que os
talentos de um supra a falta dos outros.
Esteja disposto a aprender, ninguém sabe tudo, elogie,
critique construtivamente, o apóie, enfim, o ajude.
Terceiro Ato – A Técnica
Porque quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não faz mal! E,
quando ofereceis o coxo ou o enfermo, não faz mal! Ora, apresenta-o ao teu
príncipe, terá ele agrado em ti? Ou aceitará ele a tua pessoa? – diz o Senhor
dos Exércitos. (Ml 1:8)
Lembra que através do teatro, oferecemos nossas
vidas a Deus, a fim da propagação do Evangelho de Cristo?
Pois bem, a vida você já viu como deve ser,
consagrada. Mas e o trabalho, pode ser de qualquer jeito?
Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças,
porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem
ciência, nem sabedoria alguma. (Ec 9:10)
Conforme as tuas forças quer dizer que não é além,
nem aquém do que você pode dar, mas sim que você deve oferecer o máximo, mesmo
que isso aos olhos das pessoas não seja o melhor. Sempre terá o que aprender,
sempre terá erros para serem corrigidos, os erros existem não para nos impedir,
mas para nos motivar a não pratica-los mais.
Não é porque somos armadores que vamos fazer de
qualquer jeito.
Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulentamente (Jr 48:10 b)
ou ainda relaxadamente, ou mesmo negligentemente, dependendo da tradução.
Faça o seu melhor, isso incluir o melhor do seu
tempo, do seu empenho, da sua disciplina, da sua vontade, do seu estudo, da sua
experiência espiritual, tudo isto não para mostrar aos homens e sim para
oferecer a Deus.
O Texto
Vamos começar do começo por uma questão de
princípio. (risos).
É no texto que a técnica começa a ser desenvolvida.
Cada frase, cada palavra ali escrita tem um obejetivo, por isso, não pense que
é só chegar no dia da apresentação e falar “aquilo que vier na telha”. O Texto
precisa ser estudo, entendido e aprendido.
Entender e Aprender
“Tem que decorar o texto!”, “tem que decorar o
texto!”, quem nunca ouviu isto em se tratando de teatro? Mas esqueça isto, você
tem que entender e aprender o texto, não decora-lo.
“Isto significa que eu não tenho que ler o texto
diversas vezes?”, errado, isto significa que você tem de ler até entender o
texto, o que ele quer ensinar, qual sua mensagem principal, quais são as
mensagens secundárias, enfim, entender o que ele é e aonde quer chegar. E depois
aprende-lo, de onde ele sai, por onde passa e quando termina.
“Dããã, então é o mesmo que decorar, oras!” errou de
novo. Simplesmente decorar o texto vai tirar bastante do seu poder de
interpretação, pois estará simplesmente repetindo um texto vazio, sem no
entendo saber o que está falando, igualzinho um papagaio.
Quando você entender texto vai saber o que e o
porquê está falando, e quando aprender, saberá quando irá falar. Ou seja, terá
liberdade para VIVER o personagem e não simplesmente repeti-lo.
Ainda terá a vantagem de modificar o texto, sem
sair do contexto ou mesmo improvisa-lo se alguém errar as falas na hora, pois
sabe muito bem onde está e aonde quer chegar.
Vamos separar as coisas para facilitar.
Entendendo o Texto
A Mensagem
Qual é a história?
Qual é a mensagem principal?
Quais são as outras mensagens (secundárias)?
As Falas
Porque isto foi escrito?
Qual é o propósito desta fala?
Qual a importância desta fala?
Personagem
O nome
As características
A função na história
O ápice (entrada ou fala crucial na história)
Como entra, o porque entra na história.
Como se desenvolve e o que causou o
desenvolvimento?
E como termina na história.
Estes três últimos são fundamentais quando um
personagem passar por mudanças na história, exemplo: Começa crente, se desvia e
depois retorna para a Igreja.
Parece difícil né? Mas acredite, na prática é bem
mais fácil do que mostra a teoria.
Aprendendo o Texto
Quando você entende cada elemento do texto, fica
mais fácil aprende-lo. De forma que você precisará apenas memorizar o ENREDO.
Exemplo: João sai da Igreja, se envolve com drogas,
encontra sua ex-namorada, desabafa com ela, ela o despreza, ele tenta se matar,
encontra um velho amigo que o evangeliza, mas recebe a mensagem com aspereza,
mandando que o amigo nunca mais fale com ele, desiste de se matar, vai na
Igreja, ouve mais uma vez o Evangelho, volta pra Jesus, ora, encontra novamente
sua ex, fala de Jesus pra ela e ela se converte.
Ufa! Primeiro você entendo o que vai falar e o
porque vai falar, depois aprende quando vai falar.
Imaginação na Dose Certa
Antes de interpretar um personagem você o imagina
ou mesmo tem uma certa noção de como ele será: Alegre, emburrado, fofoqueiro,
etc.
Isso é muito bom, pois te dá uma base do que irá
fazer no palco. Porém, isto pode nos levar a cometer erros, como investir em
estereótipos.
Não tem coisa mais chata do que uma imitação mal
feita, fica parecendo gente famosa fazendo comercial, aquela coisa dura,
forçada, por isso, seja ORIGINAL, represente com a máxima realidade possível.
As pessoas se identificam com a realidade, invista
nos detalhes, mas não deixe que o detalhe seja maior do que todo o personagem.
Exemplo: Vais interpretar um fofoque iro? Errado,
vais interpretar o João, que é invejoso, bisbilhoteiro, é apaixonada pela Maria
e para tirar todos do seu caminho, faz fofocas.
Não resuma seu personagem a uma característica,
coloque nele, tiques, manias, um jeito de falar diferente, o incremente, sem
sair do natural.
Use a sua imaginação para visualizar toda a
apresentação, não só o seu persongem, pense em cada detalhe, no seu companheiro
de cena, enfim, imagine! Seja o primeiro crítico do seu trabalho.
A imaginação é o primeiro exercício do teatro, mas
tem que ser na medida certa.
A Importância das Deixas
Deixa é a palavra ou expressão que deixará a idéia
a ser seguida na próxima fala. Em outras palavras, deixa é a palavra ou
expressão que você não pode deixar de falar, pois tornará a próxima fala sem
sentido.
Exemplo: - Ah, Jesus, ninguém merece viu! – Ah,
Jesus, digo eu Drika, porque você acha que não serei missionário?
Já pensou se o intérprete dissesse “Eu
mereço” ou “Dããã” ao invés de Ah, Jesus? Iria deixar a outra fala sem sentido,
ainda que esteja dentro do contexto.
Preste atenção nas deixas, identifique-as no texto
e não deixe de fala-las.
Por isto, o estudo, entendimento e aprendizado do
texto são tão importantes, pois você diminuirá a chance de pular as deixas e se
caso alguém pular as suas, conhecerá tão bem o texto, a ponto de improvisar sem
fugir do assunto.
A Interpretação
Agora que você estudou o texto, aprendeu o enredo
dele e imaginou o personagem, é só coloca-lo em cena: Simples!
Brincadeira eu sei que não é simples, interpretar é
complexo e desgastante mas também é muito bom.
Viva o Personagem
Interpretar: Explicar;
traduzir; tornar claro o sentido de; Reproduzir pensamento de;
Representar: Exibir uma peça de teatro, pondo-a em ação no palco ou desempenhar um
papel na peça em ação;
Interpretar vai muito além do que
defini os dicionários, explicar, esclarecer, exibir-se, isso qualquer um faz,
porém, dar vida a um personagem não é uma tarefa tão simples assim.
Você já teve ter ouvido que o segredo
para chorar em cena é pensar em algo muito triste. Pena que existe tanta gente
enganada a esse respeito.
Um personagem não é um amontoado de
falas, muito pelo contrário, é uma pessoa cheia de sentimentos, razões,
defeitos, qualidades e etc.
É por isso que estudamos o personagens,
para que durante alguns momentos possamos não repetir falas e sim, viver uma
outra pessoa, num outro lugar, repleto de pessoas diferentes.
Está ai o segredo para interpretar, não
apenas por em ação um personagem, mas vive-lo com toda a intensidade,
demonstrando seus anseios, seus medos, suas alegrias e suas tristezas.
Se meu personagem perde a mãe o pai e é
rejeitado pelo restante da família, porque vou ficar pensando na morte da
bezerra para chorar em cena? Oras, eu sou, naquele momento o injustiçado da
vez, eu estou sofrendo igual um condenado, logo vou chorar, e muito, diga-se de
passagem (risos).
Por isso, esqueça quem você é, a
final, durante aquele momento, não vai ser a Mariazinha fazendo papel da Joana,
e sim a Joana em palco.
“Nosso teatro é a arte de usar tudo para ser,
por alguns momentos, quem não se é, para sendo quem se é, ganhar outros que não
sabem quem são, porque são, onde estão e para onde vão.” (Frase retirada do http://www.montesiao.pro.br/teatro/menuteatro.htm)
Concentração
É muito difícil se concentrar, a ansiedade, o medo,
o público, o diretor, os auxiliares, todos eles criam um clima estressante que
pode gerar em você dois sentimentos: O de entrar em cena logo e acabar de vez
com aquilo tudo ou o de sair correndo na primeira oportunidade.
A concentração é o meio mais fácil de driblar todos
esses sentimentos, pois quando está concentrando, não importa o que acontece a
sua volta, os microfones chiam, o contra-regra tropeça e isso não lhe comove,
ou seja, aconteça o que acontecer você está pronto para viver o personagem.
Existe um sentimento que é o pior empecilho para
quem precisa se concentrar: A falta de confiança, e ela se manifesta sob dos
aspectos, pessoal e espiritual.
Pessoal: Deveria ter
orado mais, jejuado mais, ensaiado mais, lido mais o texto, prestado mais
atenção, desistido logo no começo... Pode parar com isso! Na hora da apresentação
não adianta se lamentar, o que está feito, está feito. Então esqueça essas
murmurações e faça o trabalho.
Espiritual: Não vai dar
certo! Deus não vai abençoar! O Pastor vai reclamar! Vocês vão ser
envergonhados! Como satanás é mentiroso. O pior é que às vezes perdemos tempo
escutando ele. Não dê ouvidos as setas e conversinhas furadas do inimigo,
confie em Deus, coloque Ele na frente de tudo, inclusive da sua vontade.
Lançando
sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós. (I Pe 5:7)
É natural que você sinta medo, ou mesmo aquele
famoso friozinho na barriga, por isso fique tranqüilo, procure se acalmar e
lembre-se que Deus está no controle de nossas vidas, nEle podemos
confiar.
Movimentação e Posicionamento e Cena
Teatro não é jogral, logo não é para ficar ali
parado com cara de paisagem recitando textos.
Teatro é ação, por isso, gesticule, mexa-se, e se
movimente, dando a cena ritmo. Utilize o palco inteiro, todo aquele cenário a
sua disposição, por isso “encha o palco com a sua presença”, faça com que as
pessoas entrem no ritmo da peça. Lembre-se que não é porque você tem que ficar
no mesmo lugar que você não vai se mexer, interaja com seus companheiros de
cena, abraços, tapinhas, “pedaladas”, beijos e cumprimentos diversos, deixam a
cena mais real e melhor para assistir.
Não esqueça de que o público quer te ver, por isso,
nunca dê as costas para ele, além de falta de educação, deixa a peça muito
feia. Quando precisar andar, conversar em “rodinhas” faça sempre de lado, de
modo que ainda que não te vejam inteiramente, possam te ver de perfil.
O melhor local para as pessoas te verem é o centro,
por isso ainda que você se movimente muito, procure sempre o centro do palco,
principalmente para monólogos e “rodinhas” onde não dá para ficar andando em
cena.
O Corpo
Somos acomodados, basta ver a dor que sentimos
quando tentamos praticar qualquer tipo de exercício, quando não nos acostumamos
a fazê-lo.
Não vai ser no dia da apresentação que você vai
ganhar mobilidade, até para cair você tem que ter jeito, a fim de não parecer
forçado e nem se machucar.
Movimente seu corpo em casa, em frente o espelho,
vá aos poucos (isso mesmo, aos poucos, e não igual um desesperado, se não vais
ganhar luxações sobre luxações) movimentando se corpo, esticando daqui,
flexionando dali, enfim, conhecendo suas limitações.
O Rosto
Gestos falam mais do que muitas palavras, mas
gestos mal feitos matam atores de vergonha.
Sabe aquela cara de tristeza que ficou parecendo que o cara estava com dor de barriga, ou aquela expressão de felicidade que ficou com um jeito muito idiota? Pois bem, isto tudo pode ser corrigido se você conhecer bem seu rosto.
Sabe aquela cara de tristeza que ficou parecendo que o cara estava com dor de barriga, ou aquela expressão de felicidade que ficou com um jeito muito idiota? Pois bem, isto tudo pode ser corrigido se você conhecer bem seu rosto.
Vá para o espelho de novo (inimigo dos gordinhos,
mas que quebram um super galho), faça expressões de choro, riso, dor,
felicidade, alegria, espanto, apaixonado, enfim, vá modelando e conhecendo seus
fortes e fracos.
A Voz
Falar alto é diferente de gritar, é necessário que
você conheça sua voz, saiba seus limites, em que tom ela fica mais bonita, etc.
Um bom exercício, é contar de 1 a 10 aumentando gradativamente o tom de voz, sendo o 1 o mais baixo e o 10 o mais alto.
Porém além de conhecer sua voz, é necessário que
você cuide bem dela:
Ø Não
fique gritando igual um doido;
Ø Não
fale em ambientes onde haja competição (ex: onde a música está alta e você
precisa se esforçar para falar e para ouvir);
Ø Não
deixe a garganta seca, tome sempre muita água;
Ø Coma
maça, ela é ótima para “limpar a garganta” e evite refrigerantes e bebidas
muito geladas.
Como dito anteriormente, falar alto não é gritar, é
colocar a voz de tal modo que a pessoa sentada na última cadeira possa nos
ouvir com clareza. Para tanto é necessário que você respire bem e fale com
firmeza, sempre tendo o objetivo de ser escutado por todos.
Os ensaios
Apesar de parecer massante, os ensaios são
necessários, são neles que corrigimos os erros, ganhamos familiaridade com o
texto e demais personagens, acertamos detalhes, modificamos, enfim, os ensaios
são muito necessários.
Não negligencie os ensaios, só porque acha que tem
mais facilidade de aprender do que os outros, ensaiar uma cena onde há mais de
um personagem sozinho ou com o elenco incompleto, até para fazer, mas
compromete muito o resultado final, por isso, não falte aos ensaios, e nem
chegue atrasado (se for NECESSÁRIO avise com antecedência).
Falta de compromisso com dias e horários é no
mínimo desrespeito aos demais integrantes do grupo.
Não é porque uma cena está fechada, ou seja,
completa, com todos os detalhes acertados, que não iremos ensaiar mais, como
tudo na vida, quando fica em desuso acaba perdendo o jeito, fora que ensaiar
repetidas vezes te dará segurança.
Vá além dos ensaios oficiais, ensaie em casa, na
frente do espelho, com seu irmão (eles são os melhores críticos, não precisa
levar em consideração tudo, mas boa parte vale a pena), passe o texto com ele,
etc.
Praticando todo dia, será muito mais fácil “entra
no clima” da peça do que ensaiar apenas aos fins de semana.
O
Último Ato – Os Frutos
Eis que o lavrador espera o
precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva
temporã e serôdia. (Tg 5:7)
Chegou a parte boa, os resultados!
Pensando no âmbito material, os frutos do teatro
seriam elogios, parabenizações, aplausos... mas, como estamos falando de um
trabalho espiritual, os frutos também são espirituais.
Os frutos espirituais não se resumem a um
acontecimento ou a algo específico, mas em duas esperas:
Pessoal: O
que o trabalho modificou, edificou ou acrescentou na sua vida? Primeiro a
mensagem alcança você, depois alcança as outras pessoas.
Público: O
público recebeu a mensagem? Foi edificante, consolador ou exortivo? O público
prestou atenção e acompanhou realmente a história? Ás vezes vemos que o público
recebeu a mensagem, mas não vemos mudanças imediatas, mas fique tranqüilo, a
Palavra de Deus não volta vazia, com certeza o fruto surge, ainda que não seja
aparente.
Fechando as Cortinas
Temos,
porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de
Deus e não de nós. (1 Co 4:7)
Talvez ao ler esse material você pode esteja
pensando que há inúmeros motivos para não fazer teatro, afinal, existem meios
menos trabalhosos para pregar o Evangelho.
Augusto Boal disse que o “Teatro é uma arma
poderosa”, porque então, vamos negligenciar essa “arma” só pelo trabalho que
ela nos causa?
Ademais, nossa capacidade vem de Deus, é dEle que
vem toda a boa dádiva, todo o tom perfeito. A nós, cabe usar os talentos que
Deus nos tem dado.
Somos fracos, somos limitados, somos dependentes de
Deus e somos movidos por Sua Graça, trazendo no coração a vontade de fazer mais
e melhor para Deus.
Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para
confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para
confundir as fortes.
E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as
desprezíveis, e as que não são para confundir as que são;
Para que nenhuma carne se glorie na presença dele.
(1 Co 1:27-29)
Ana
Caroline Rodrigues de Olinda
Depto. de Teatro – CAAD
Depto. de Teatro – CAAD
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