O papel do figurino cênico no
teatro
Adriana Bernardes
O papel principal
do figurino é contribuir para a construção de uma personagem. Ele pode
ser considerado como uma variação particular do objeto cênico por ter uma
função específica: a de contribuir para a elaboração da personagem pelo ator. O
figurino acaba interferindo, também, no espaço cênico através das suas cores e
formas, devendo, então, integrar-se a ele. Para que isso seja possível, o
figurinista deve aliar o personagem ao espaço ou cenário, para que eles se
tornem harmônicos, observando a linguagem de cada espetáculo, dada pelo
diretor. É função do figurino orientar a visão, a interpretação, enfim, a
leitura geral do espectador, pois cada detalhe do figurino envia um tipo de
sinal para quem o assiste. Dessa maneira, assim que o ator entra em cena, o
espectador terá grande parte das informações sobre a personagem, mesmo antes de
surgirem às primeiras falas. Um bom figurino consegue repassar ao espectador as
características psicológicas da personagem, consegue dizer por si só o que o
ator não consegue dizer em palavras (HOLT, 1993).
Para Leite e
Guerra (2002), o figurino representa um forte componente na construção do
espetáculo, seja no cinema, no teatro ou na televisão. Além de vestir os
artistas, respalda a história narrada como elemento comunicador, pois induz a
roupa a ultrapassar o sentido apenas plástico e funcional e a torna um objeto
animado.
A roupa é uma
radiografia do comportamento. Logo à primeira vista, o figurino constitui-se
num importante fator de rejeição ou aproximação do espectador em relação ao
personagem, sendo essa quantidade de informações fundamental para transportá-lo
de imediato para a fantasia do enredo (LEITE E GUERRA, 2002). Nesse sentido,
Almeida apud
Pedrosa (1999) declara que:
O teatro é a arte
da sugestão e é o figurino que apresenta tais características sugestivas, sendo
estas, indispensáveis para manter o clima plástico que os outros elementos
cênicos instauram no palco. O papel do figurino cênico em uma montagem teatral
é a forma mais precisa de se comunicar com a platéia.
Barthes apud Pedrosa (1999) afirma que todo o
espetáculo é composto por uma série de elementos, que, quando organizados,
proporcionam ao espectador a oportunidade de apreciá-los. Esse conjunto de
elementos é uma densidade de signos que são interpretados pelo
espectador. Eles são obrigatoriamente signos artificiais; representam a
realidade e têm função comunicativa.
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