404 - Bombardeio
Os
alunos estão parados numa estrada. Estão cansados. Uns estão sentados, outros
deitados, um se encosta numa árvore, outro se apóia nos cotovelos... cada um
gozando um descanso provisório. Ouve-se um ruido distante. Inquietação.
"Mais um? Não há descanso!" O barulho diminui? Não aumenta, é um
avião. Aumenta o medo. Terror. O avião se aproxima: atira! Os alunos se
encolhem e se jogam ao chão... o avião se afasta. Será que voltará? Não, está
acabado.
405 – A caneta
milagrosa
Um estudante tenta, altas
horas da noite, copiar alguns pontos de estudo, mas é vencido pelo sono. O tema
se desenvolve na passagem do sono para o sonho. Quase adormecendo, ele vê a
caneta pular de sua mão, e se transformar em qualquer coisa. Deixar à
imaginação do aluno as diversas mutaçóes que sofrerá a caneta (cachorro, bola,
borboleta, cobra, gatinho, flor, príncipe encantado, etc.). O difícildo tema é
visualizar as transformações e conservar o clima ou a atmosfera do maravilhoso.
406 – Os
pescadores
Três pessoas aguardam, na praia, a volta dos
barcos que saíram para pescar. Uma grande tempestade assolara aquela região. Os
personagens estão ansiosos e aflitos. Já é bastante tarde. O professor marca no
tambor a aparição. no horizonte, de alguma vela. Os alunos se animam e aguardam.
Numa segunda batida do tambor, os três personagens descobrem que só dois barcos
regressam. A alegria se transforma em ansiedade. Qual será o barco que falta?
A terceira batida indica aos alunos qual o barco que não voltou. Dois deles
sentem alívio, o terceiro se angustia. Depois da primeira alegria, os dois
companheiros chegam a ele num gesto de solidariedade e consolo.
407 – O queijo
fedorento
Num ônibus, viajam alguns passageiros. Estes,
muito sérios e incomodados com o calor. Entra uma senhora comum embrulho. Toma
o seu lugar. De repente começam a sentir um cheiro desagradável. Abrem as
janelas, respiram forte se entreolham, examinam os sapatos. Finalmente
localizam o mau cheiro, que vem do embrulho da senhora. Furiosos, os
passageiros mais próximos dela, se afastam tapando ostensivamente o nariz.
Esta, envergonhada se vê repudiada por todos, desce na primeira esquina. Os
passageiros voltam aos seus lugares, felizes. Alegremente, respiram o ar da, manhã.
408 – O motorista
maluco
Num ônibus (no mínimo seis passageiros), na primeira cadeira o chofer
faz mímica de quem está guiando, usa freios, embreagem, buzina, etc. Ao mesmo
tempo que emite sons de um ônibus em movimento. O motorista, por meio destes
sons, que dá a velocidade do ônibus, com suas inúmeras freiadas, curvas, etc. O
tema é feito num crescendo. O chofer grita contra os transeuntes, contra os
passageiros que reclamam, contra a vida, contra tudo (é um mal humorado); os
passageiros cada vez mais apavorados, sacolejando de um lado para outro,
rezam, se benzem, protestam, podendo representar vários tipos. Finalmente o
chofer maluco lança o ônibus contra um caminhão e todos caem ao chão,
derrubando as cadeiras. Machucados e infelizes eles se aproximam do motorista
para um último protesto, mas já é tarde, ele está morto. Reações diversas.
409 – O robo
Depois
de uma aula sobre computadores, alguns alunos mais travessos resolvem brincar
com o robô. Pegam as fórmulas do professor e começam a usá-las. Ex.: dois
passos à direita e ligam uma chave, o robô obedece. Morrem de alegria. Levanta
os braços, faz careta ou bota a língua para fora. Cada vez mais animados com a
obediência do robô, eles vão dando ordens, exigindo sempre mais. De repente
tudo começa a dar errado. O robô avança vagarosamente para os meninos, que não
conseguem sair da sala. Pânico,gritos, correria.....
410 -
Prisioneiros
Duas pessoas estão
prisioneiras. Amarradas num cadeira, a sós, numa sala ao fundo de um corredor,
aguardam serem fuziladas. No alto uma pequena abertura pe onde entra a luz do
sol.
Os presos, aos poucos. vão sentindo medo, ao ouvirei
o tiroteio lá fora. Num dado momento começam a sentir inutilidade do gesto
revolucionário. Com a aproximação da morte, que certamente os espera, vêm
também anseios pela libertação. Essa sensação lhes vem quando a luz penetra
pela janela. Eles se fitam e se descobrem pela primeira vez como pessoas.
Sentem que poderiam ter se entendido melhor e que. finalmente, não aproveitaram
da vida o que ela poderia ter lhes dado.
Ouvem
passos,se aproximando. Tensão. Medo. Os passos se afastam. Alívio. Novamente
passos. Eles se entreolham com angústia. Desespero. A porta é violentamente
aberta. Pânico. Os visitantes eram amigos que vinham libertar os prisioneiros.
Alívio. Alegria.
411 – Doença
contagiosa
Numa
festa, várias pessoas conversam animadamente. Um convidado começa a espalhar,
com discreção, que um dos presentes é portador de uma doença contagiosa.
notícia se propaga. Fingindo que são educados, amáveis vão aos poucos se
afastando, isolando o doente do círculo das conversas. A pessoa percebe que
está sendo rejeitada. Debaixo de uma tremenda angústia. ela se retira,
envergonhada.
412 – A fuga
O prisioneiro está só em cena, sentado num banquinho
. Levanta-se e começa a andar na cela. Desanimado volta ao banco. Encolerizado,
dirige-se para a porta.que tenta abrir, esmurrando-a. Acalma-se. O guarda
aparece à direita e caminha em todos os sentidos. Depois avança em direção da
cela, passa à sua frente e continua o caminho. O prisioneiro ouve os passos do
guarda' e fica imóvel. O guarda volta ao ponto de partida e começa a ler o
jornal. Durante um tempo os dois personagens permanecem cada um em sua posição,
o guarda se mostra tranqüilo e satisfeito, o prisioneiro desanimado. Aparece ao
fundo da cena, no centro, um terceiro personagem. Está na rua, ao lado do muro
da prisão. Olha cautelosamente emvolta, depois se decide a subir o muro. A
subida. No interior da prisão, avança com precaução. Percorre corredores e
escadas, aproximando-se da cela. De repente vê o guarda. Recua lenta-mente, a
fim de evitar o guarda, mas faz barulho e o guarda se volta. Um tempo. Os dois
se medem com o olhar. Engafinham-se. Lutam. O guarda é morto. O outro apanha
as chaves e corre para a cela, percorrendo corredores, escadas, etc. O
prisioneiro, que esteve imóvel durante esse tempo; ouve os passos de seu
salvador. Levanta e escuta. O outro pára diante da porta, põe a chave na
fechadura e abre. Grande alegria. Os dois fogem.
413- A
hostilidade
Quatro
pessoas se aquecem ao pé do fogo, em silêncio. Todos se gostam e se sentem
felizes. Não há necessidade de troca de palavras. De repente,
aproxima-se uma pessoa que é hostil ao grupo, devido a antecedentes
desagradáveis acontecidos entre eles, e provocados pelo visitante, Cessa o
relaxamento. Todos se sentem mal. O recém-chegado percebe que está sendo
rejeitado e depois de algum vai embora.
414 – A
descoberta
Duas pessoas, uma de cada lado, bem afastada
uma da outra, estão completamente imóveis, como se fossem dois blocos de pedra.
Lentamente como se tivessem recebido o sopro da vida começam a se movimentar
primeiro as mãos numa descoberta do próprio corpo. Vão aos poucos se
identificando pelo tato (sentindo o próprio corpo) pelo olfato (sentindo os
odores do ambiente), a própria respiração a audição, e sobretudo pela
descoberta das coisas, do meio ambiente, Sentem que podem se locomover e
lentamente vão se movimentando. Apreciam a natureza que é linda. De repente um
avista o outro, que é o espelho de si mesmo. Medo, espanto, curiosidade,
deslumbramento, felicidade por não se encontrar só. Vão se aproximando
lentamente até que as mãos se tocam.
415 – A
Metamorfose
É um jogo de controle e
domínio muscular.
Numa praça, está sentado um velho, curvado e
enrijecido. Só seus olhos têm vida. A seu lado um jovem, em todo vigor da
mocidade, respira tranqúilo. O tema consiste na troca de identidades (físicas).
À medida que o velho olha para o jovem, vai roubando-lhe a juventude, enquanto
o jovem vai absorvendo a velhice do companheiro. A dificuldade do tema é que
essa transformação deve ser feita tãolentamente que o espectador não note as
mudanças assim como acontece com a passagem das horas nos ponteiros do relógio.
É preciso que o aluno possua enorme controle de músculos para mover seu corpo
suavemente sem que se perceba quase nada, No final o jovem transforma-se no
velho e vice-versa.
416 – A avareza e
a inveja
Um velho avarento, dono de uma alfaiataria,
conta o dinheiro, no fim de um dia de trabalho (a dificuldade para um jovem
fazer a avareza é que este defeito. geralmente, se manifesta nos velhos e o
papel de composição de um velho é dificil podendo cair na caricatura). A
avareza, como a gula, ou qualquer outra paixão são vividas no palco de maneira
semelhante. Respiração de gozo, que cresce à medida em que cresce a paixão é
saciada e que nunca termina na mediada do desejo.
O avarento toma nota no caderno e conta a
féria do dia. Sentado a alguns passos. o ajudante do alfaiate tece a sua
inveja, enquanto termina uma costura. Ele sente o abismo que o separa do velho
nojento. Pobre, mal pago. mal alimentado, infeliz. O patrão cheio de dinheiro e
nada generoso. Sentimentos confusos começam a crescer na mente do aprendiz:
raiva, desprezo, inveja e solidão. Ao apanhar a linha num armário, atrás do
velho, seus olhares se cruzam, enquanto- o avarento procura. curvando-se sobre
o dinheiro, escondê-lo. O ódio do rapaz cresce quando volta à sua banqueta. e
ao pegar a tesoura para cortar a fazenda, tem uma privação de sentido, e, com
fúria crescente, engendra um plano de acabar com a vida do patrão. Arfando e
cheio de ódio, dirige-se de novo ao armário, para disfarçar e, rapidamente,
mata o avarento pelas costas.
417 – A árvore
brincalhona
Uma árvore num jardim público. costumava
abrigar todas as manhãs, um estudante. Nesse dia ela resolve brincar com ele.
Quando o estudante chega e abre o livro, coisas estranhas começam a acontecer.
Peteleco na cabeça. O aluno pensa que é passarinho, espia a árvore e fica
desconfiado. Depois recebe um beliscão na orelha. Logo a árvore muda de lugar,
e vai inventando outras brincadeiras enquanto cresce o medo do aluno que
procura, não vê ninguém, acaba fugindo apavorado. achando que alguma coisa não
está certa.
418 – A espera
Vários alunos esperam na sala da diretora do
colégioos resultados dos exames. Estão desanimados porque acham que não
passaram de ano. Um colega maldoso, chega e dizque todos foram reprovados.
Tristeza geral. Choro e desanimo. Finalmente os resultados com as boas notas.
Alegria geral.
419 – O enforcado
Um grupo de pessoas (5 ou 6), habitantes de
uma pequena cidade acordara no meio da noite com gritos na rua. O tema começa
quando esses personagens se encontram caminhando pelas vielas da cidade,
curiosos, ansiosos, por causa do acontecimento que ainda desconhecem. O tambor
deve marcar o ritmo apressado das batidas do coração. Receio. Medo. Depois dão
duas voltas para dar a impressão de distância. O tambor bate forte e os
personagens param no meio da cena olhando ao mesmo tempo um ponto fixado pelo
professor fora de cena. Sensação de angústia e pavor. Ao longe, o grupo avista
um menino, filho de um dos moradores, enforcado na torre da igreja. Respiração
presa. mistura de curiosidade e horror. O tambor bate vagarosamente,
significando que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto do garoto.
Ele tira a corda do pescoço (o garoto imaginário naturalmente), e ri para a
multidão em baixo. Reação diversas dos personagens. Primeiro surpresa. segundo
desapontamento por terem sido enganados. terceiro alívio, quarto raiva.
420 – A vingança
Uma moça, ou um rapaz.
acabando de desligar o telefone se sente infeliz, angustiado. Depois de
terrível discussão, o namoro acabou. O personagem passeia pela cena, infeliz,
rejeitado. solitário. Tocam a campainha. É um mensageiro com um embrulho e um
cartão. Sensação de surpresa. O cartão é do amado. Cheia de alegria e de
esperança, começa a abrir o presente. Terrível surpresa. Dentro de uma caixa
ricamente embrulhada uma nojenta barata morta. É a vingança do namorado.
Raiva. Medo. Desespero.
421 – O ladrão e
o detetive
Este
é um tema de ritmo quase
cinematográfico. Passa pela cena de um ladrão com uma bolsa debaixo do braço.
Sente-se, pelo andar e pela falta de naturalidade, que está fugindo de alguma
coisa. Quando ele desaparece da cena, surge o detetive também, fingindo
naturalidade, mas de olho no ladrão. O jogo continua num crescendo, cada vez
que um passa pela cena, sempre sozinho, sente-se a perseguição. O ladrão já,
obviamente, fugindo e o detetive perseguindo, cada vez mais rapidamente. É
preciso que eles nunca sejam vistos ao mesmo tempo em cena para dar a impressão
que caminham por diversas ruas da cidade, Depois de umas cinco voltas, o
ladrão entra em pânico, pára no meio da cena, ofegante, apavorado, esperando
seu perseguidor que chega também arquejando. Num gesto de desespero o ladrão
joga a bolsa ao chão e grita: "Eu me entrego, não agúento mais".
422 – Os relógios
Um relojoeiro usurário esconde
sua coleção de relógios no sótão. Toda noite, sozinho, ele sobe, lubrifica, dá
corda e aprecia sua coleção. Cada relógio tem uma caracteristica própria. Um é
cuco, outro dançarino, etc. fazem movimentos e sons dos mais variados. Como
eram relógios para serem vistos em museus ou grandes salões, eles se revoltam
por viverem prisioneiros. Planejam destruir o velho que é causa de tudo. Na
próxima subida (segunda vez), depois que o velho dá corda e começa a apreciar
os movimentos e os sons, vagarosamente, vão se aproximando dele, sempre guardando
as características de relógio. (Ex.: o relógio que tem um martelo, usa-o como
arma). O velho tenta escapar ao cerco, mas é por fim destruído pela
fúria dos relógios.
423 - O pavão o ratinho e o leão
Um homem muito humilde e
solitário, sentava-se todos os domingos no banco de uma praça. Não tendo
dinheiro para nenhuma diversão, ali ficava, tristemente, apreciando o movimento
da rua. Sente-se como um ratinho, pequeno, feio e desprezado. Vem vindo pela
praça uma criatura vaidosa e cheia de si, sempre à procura de quem lhe elogie
as qualidades físicas. É o pavão. Ao ver o ratinho, sente logo que terá uma
platéia excelente para contar suas vantagens. O ratinho ao ver tal beldade,
fica boquiaberto de admiração. O pavão cada vez mais vaidoso (tema mudo),
respirando a admiração e aprovação do companheiro, não cabe em si de
satisfação. Exibe seus dotes (cabelos, cauda, relógios, etc.), começa a
comparar sua grandeza à pequenez do ratinho, que cada vez mais humilhado, mas sempre
admirando o outro, se encolhe no banco. Para equilibrar a situação aparece na
praça o leão. Personagem forte, ao deparar com a cena, coloca as coisas em seus
devidos lugares, isto é, faz ver ao pavão que ele no fundo não é diferente do
ratinho e que cada um tem suas qualidades e defeitos. O pavão, sentindo que o
público mudou, retira-se envergonhado. O ratinho, com um olhar agradecido,
sorri para o leão.
424 – Os cegos
Três cegos que não podem
falar, atravessam a cena. Um deles vai à frente, andando e tateando com um
bastão. Os outros o seguem apoiados um no ombro do outro. De repente, o da
frente deixa cair o bastão e começa ansiosamente a procurá-lo. Ao fazê-lo, os
três se soltam, e não conseguem se encontrar de novo. Aflição. Procuram se
achar, fazendo movimentos com os braços, batendo nos obstáculos, cruzam-se sem
conseguir se tocar, até que o da frente acha o bastão. Levanta-se para
prosseguir, ainda procurando os companheiros. Encontra um deles. Ação de
reconhecimento. Alegria. Seguem o caminho, deixando o terceiro desesperado,
entregue à sua própria sorte. Ou, então, não conseguem mais se encontrar, os
braços sempre estendidos para a frente, as mãos tremendo, esperando encontrar
seus companheiros de infortúnio, partem em três direções diferentes e
desaparecem. Se este exercício for bem executado, se os alunos chegarem a dar
impressão de que são
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