sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Material para improvisação teatral III

Mais um pouco de improvisação....


424 – Os cegos
Três cegos que não podem falar, atravessam a cena. Um deles vai à frente, andando e tateando com um bastão. Os outros o seguem apoiados um no ombro do outro. De repente, o da frente deixa cair o bastão e começa ansiosa­mente a procurá-lo. Ao fazê-lo, os três se soltam, e não conseguem se encontrar de novo. Aflição. Procuram se achar, fazendo movimentos com os braços, batendo nos obstáculos, cruzam-se sem conseguir se tocar, até que o da frente acha o bastão. Levanta-se para prosseguir, ainda procurando os companheiros. Encontra um deles. Ação de reconhecimento. Alegria. Seguem o caminho, deixando o terceiro desesperado, entregue à sua própria sorte. Ou, então, não conseguem mais se encontrar, os braços sempre esten­didos para a frente, as mãos tremendo, esperando encontrar seus companheiros de infortúnio, partem em três direções diferentes e desaparecem. Se este exercício for bem executa­do, se os alunos chegarem a dar impressão de que são
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425 – A visão mística
Dois camponeses atravessavam um bosque quando de repente um deles tem uma visão mística, vê (como Joanna d'Arc os meninos de Fátima, Lurdes), uma imagem se movendo e se aproximando entre nuvens coloridas, ao som de música celestial, etc, O outro. que nada vê, fica admirado sem compreender a atitude do companheiro e, boquiaberto, assiste a metamorfose de sentimentos do amigo, que passa do espanto, à credulidade (por ser simples) e humildade (cai de joelhos), reconhecimento, prazer, beleza da visão, alegria por ter sido escolhido para tal missão, de obediência à ordem que lhe é dada. Finalmente, a visão desaparece. Ele volta à realidade ainda mudo de espanto, fita o com­panheiro que nada entende e saem juntos.

426 – O presságio
Um grupo, numa praia deserta. Sensação de felicidade. Todos admiram o mar, a areia, Os penhascos e a paisagem estranha e sentem o ambiente. De repente, no ar, passam voando alguns urubus (marcado pelo tambor). Os alunos distraidamente apreciam o vôo das aves agourentas. Sen­tem uma sensação desagradável. Outros urubus passam com muito ruido, grasnando e se dirigem na mesma direção dos primeiros. Os personagens começam a se angustiar. Acom­panham o vôo das aves e vêem, a certa distância, um cavalo morto sendo devorado pelos urubus. Sensação da morte, quebra de tranqúilidade. Mudança brusca de sentimento.

427 – A pulga
Um grupo de pessoas bem vestidas está na sala de de espera de um ministério. Espera ser recebidos pelo ministro. Certa desconfiança entre os personagens. A sala está cheia de pulgas. Todos demonstrando boa educação, cerimoniosos, fingem que não estão sentindo nada. Solidariedade. Os visitantes começam a sen­tir os efeitos das pulgas e se coçam discretamente. A medida que as pulgas atacam, cada vez mais cresce a aflição. Os personagens vão perdendo a cerimônia. Mais à vontade, acabam por um matar a pulga do outro, numa confraterni­zação e falta de cerimônia total. Podemos chamar este tema de "confraternização pela pulga". Termina com a chegada do Ministro.

428 – Surpresa no vestiário
Freiras hospedadas num estádio durante um Congresso. Voltando de uma conferência, á procura do dormitório, elas se perdem e vão dar ao vestiário dos homens que, no momen­to, estão despidos, voltando de um jogo. As freiras ao darem com a cena ficam estateladas, tendo várias reações: histeria, curiosidade indisfarçada, gritos como se tivessem visto o demônio, etc.
Os jogadores também surpresos, procuram se compor, saindo em grande confusão, provocando balbúrdia geral.

429 – Crime no fundo do mar
Um casal desce ao fundo do mar, Mímica de descida. Começam a explorar o fundo do mar, sempre andando em câmara lenta, maravilhando-se com cada descoberta (con­chas, algas, cardumes, etc.). Dois bandidos, sem serem vis­tos pelo primeiro casal. também chegam ao mesmo local em busca de um tesouro. Quando vêem intrusos, resolvem elimi­ná-los. Armados de facas, tentam se aproximar do casal, sendo descobertos por aqueles. Começa o jogo de fuga e perseguição (sempre em câmara lenta). que torna o exer

  
437 – O galo morto
No meio do grupo coloca-se qualquer objeto representando um galo morto. Inicia-se, então, um desfile de pessoas ­de determinado tipo, que se manifestarão, com algumas palavras, diante do galo morto. Cada tipo deverá representar ­uma profissão que será descoberta pela assistência, conforme sua maneira própria de se expressar. Por exemplo:
O     matemático - ao passar pelo galo. vendo-o diz:
Morreu o galo. Vê-se logo que, após ter feito um ângulo de 45 graus. com o pescoço. tombou por terra, depois de haver traçado nesta superfície uma circunferência de meio metro, ou seja. de 50 cm de diâmetro.

O cantor de rádio: Morreu o galo. Cocococococoró, hoje o galo morreu, e assim por diante.

O gramático: Considerando, sob o ponto-de-vista lógi­co, observamos que o galo é sujeito; morreu. predicado; mas se considerarmos a oração sob o ponto-de-vista gramatical. o galo é... etc.

O pintor: Se a plumagem verde e vermelha deste galo não fosse atingida pelo rubor do sangue. que maravilhosa combinação daria com o cinza do chão, etc.

O filósofo: Afinal para que serve a vida? e assim por diante, num desfile de profissões. desde a cozinheira até o padre. passando pelo veterinário, o macumbeiro,. etc.

438 – O pastelão e os mendigos
 O cenário é uma praça com uma padaria. Dois mendi­gos estão com fome. Batem à porta da padaria. A padeira nega-lhes pão. A chegada do padeiro, os dois se escondem. Ouvem o padeiro dizer à padeira que daí a pouco um men­sageiro virá buscar um pastelão para um banquete, mas que ela só deve entregar o pastelão se o mensageiro cantar tal ou qual música (conhecida>. O padeiro despede-se e sai. Chega um dos mendigos, canta a música, a padeira acredita tratar-se do mensageiro. Entrega-lhe o pastelão. Este sai contente e reparte o pastelão com o amigo. Depois saem satisfeitos, cantando. Volta o padeiro e pergunta pelo pas­telão, pois que ele mesmo resolveu vir buscá-lo. É mais seguro. A mulher aflita diz que já o entregou ao mensageiro. O marido pensa que é mentira e bate na mulher com um pau. Esta chora e jura vingar-se. Voltam os mendigos. O segundo resolve cantar a mesma música para ganhar outro pastelão. Bate à porta. Chega a padeira. Ele canta. A padeira resolve pegar o ladrão. Diz ao falso mensageiro que espere pois tem três pastelões para entregar. Este aguarda contente. A padeira volta com o marido que lhe dá enorme surra. Este diz que foi o companheiro o culpado. "Então vá buscá-lo", diz o padeiro. Ele volta à praça e diz ao amigo que a padeira só dá o pastelão ao primeiro mensageiro. Este acredita. Apanha também uma surra, depois chega o verdadeiro mensageiro.


439 – A amnesia
Um médico ou enfermeira conduz seu cliente, que está com amnésia, a um local onde ele havia vivido parte de sua vida. O tema se desenvolve entre a ansiedade do médico (ou enfermeira), para que seu cliente volte a se recordar do passado e o esforço do paciente para se lembrar. Depois de um tempo, finalmente, algum detalhe traz de novo lem­branças vividas, que terminam por curar o doente. Sensação de alegria, alívio e felicidade para ambos.

  
442 – A festa e a morte
Festa exótica num castelo abandonado. Ao som de músi­ca, os convidados riem, bebem e dançam. Forte batida no tambor. Todos param. Sentem qualquer coisa inusitada. Apenas uma sensação estranha. Logo em seguida recomeça a alegria como se nada tivesse havido. Nova batida do tambor. Já mais assustados, os convidados se retiram para o fundo da sala numa necessidade inconsciente de estarem juntos. Mas é ainda uma impressão. A festa continua. Até que. a novo som de tambor, aparece uma figura (a morte), coberta com um pano preto e com un~ bastão na mão. Com passos lentos e compassados. dirige-se ao centro da sala. Todos ficam paralisados. Sabem que é a morte e temem-na. A morte, solenemente, depois de fitar a todos, aponta para um convidado; ligeira sensação de alívio invade a todos. Só o escolhido acompanha a morte, que se retira, com a mes­ma solenidade que entrou, acompanhada pelas batidas do tambor e pela vítima da noite.


443 – Emprego na TV
Um grupo de pessoas leu no jornal o anúncio de um diretor de TV fará um teste para uma novela. O tema começa na ante-sala do diretor da TV. Com os pretendentes chegando. encabulados, enchendo a ficha com a secretária.  Há um longo momento de espera, em que os alunos se fitam desconfiados, nervosos e ansiosos. Todos desejam e se acham capazes de obter o emprego. Há um momento de comicidade, quando os pretendentes se fitam e mentalmente comparam os seus talentos. Cada um procurando buscar confiança nalgum dote secreto: "eu sou mais bonito do aquele ali". "eu recito ou canto como tal ator, etc". Final mente, chega o diretor. Os futuros concorrentes começam a se sentir inibidos e apavorados. O diretor os examina, como numa feira de gado. Começa a parte tragicômica do tema. Com brutalidade e sem a menor complacência, o diretor faz cada um demonstrar seu pretenso talento. Uns cantam, recitam, sapateiam. fazem mímica. desfilam, etc. Sempre interrompidos pela voz implacável do diretor e seus comentários pouco amáveis com a secretária; finalmente, escolhe um esai com o vencedor. Os outros, decepcionados e humilhados se retiram.

  
444 – O louco
Duas irmãs estão sozinhas numa noite de tempestade. Moram com um irmão numa casa à beira de uma estrada. Naquela noite, estão sós. Chove copiosamente. As janelas batem, o vento derruba árvores. Uma, mais corajos. a outra, procura se animar ouvindo o rádio. Batem furiosasamente na porta. Elas se assustam e perguntam quem é. A mais covarde proibe a irmã de abrir. Discussão. Ai o visitante implora tanto que elas deixam-no entrar. O estranho explica que houve uma pane no motor do seu carro. Pede abrigo por aquela noite. Amedrontadas, se entreolham e, entre a pena e o medo do forasteiro, vence a primeira e mostram um quarto no fundo da garagem. depois de um café ou uma bebida.
A chuva contínua cada vez mais forte. De repente ouvem pelo rádio a notícia da fuga de um louco furioso do hospício próximo. O speakcré representado e (eito por um aluno de fora. Pede que não abram as portas, pois o louco é muito perigoso e anuncia que dentro de alguns instantes dará a descrição do fugitivo. 
Apavoradas, se lembram do visitante que acabam de acolher e sentem todo o drama que pode advir disto. A mais medrosa acusa a irmã de leviana, etc. Novamente, batem à porta. Aliviadas com a chegada de socorro, sem se lem­brarem de mais nada, elas se lançam ao novo visitante, que também se diz perdido na estrada, com o carro atolado. Acolhem-no e mais que depressa contam a história do louco preso na garagem. O visitante muito solícito e amável oferece para ajudá-las e com um enorme cacete se dirige ao primeiro visitante. As irmãs aliviadas continuam a ouvir o rádio que agora descreve o louco. Estarrecidas, ouvem a descrição detalhada do segundo homem, o pseudo 5alvador.,Abraçam-se, apavoradas. enquanto do fundo do corredor ouvem um terrível grito. Depois silêncio. Ofegante e vitorioso, com as mãos cheias de sangue. aparece o louco que diz: "está tudo resolvido".

445 – O túnel
Quatro prisioneiros respiram com dificuldade no fundo de uma caverna escura, dentro de uma montanha, Há vários dias não viam a luz, prisioneiros nessa caverna. De repente um deles percebe ao longe uma luzinha. Enchem-se de espe­rança e começam a caminhar em sua direção. Grandes difi­culdades no caminho - pedras. buracos, barrancos, que com persistência e coragem atravessam. Finalmente, encontram a saída do túnel. Sensação de alegria, renascimento, reco­nhecimento das coisas da natureza: o azul do céu, a luz, que incomoda os olhos a princípio. o ar que respiram pro­fundamente, a terra ou a grama na qual rolam com prazer e a sensação de valores até então esquecidos. da liberdade.

446 – Na cabana
Um grupo de guerrilheiros (4), se esconde numa cabana na no meio da floresta. Possuem uma arma. Uma vela e a esperança da chegada de um companheiro com alimentos. A zona está sendo invadida pelo inimigo. Enquanto esperam. amedrontados e cansados. Cada um vai demonstrando sua personalidade. Um é covarde e treme de medo. E Outro está doente e sofrendo, silenciosamente, e espera. Um é o líder e observa o ambiente. etc. Escurece pouco a pouco.  Acendem a vela e da floresta vêm ruídos de animais, vento,  etc. De repente. todos ficam atentos. Escutam a aproximação ao longe de um pelotão marchando (tambor). apagam a vela e aguardam. tensos. O pelotão aproxima. Descobrem a cabana e tentam arrombar a porta. Finalmente ouvem o pelotão indo embora, alívio geral e descontração. Novamente ouvem passos , outro momento de terror, batem a porta, e descobrem que são amigos que chegaram, novo alívio geral.

447 – O bilhete misterioso– evolução do receio, medo e pavor.
Uma criança é raptada. A família recebe um bilhete miisterioso marcando um encontro numa casa num lugar ermo. O tema começa quando esta pessoa tomada de coragem. se dirige ao local combinado. A estrada é deserta. Ouvem-se ruidos estranhos. É noite. Conflito entre o receio e a coragem. Tudo parece ameaça-lo, o vento nas árvores, o latido de um cão ao longe. Finalmente, depara com a velha casa deserta. Visão da casa tudo deve ser sentido pelo aluno. Diirige-se para a porta, que range. Mímica de abri-la e de entrar num ambiente menos escuro. Medo. Os barulhos se multiplicam, cortinas esvoaçantes parecem fantasmas, ao tropeçar num tapete enrolado pensa ser um cadáver. Trêmulo e apavo­rado, o aluno tem, duas soluções: ou desmaia, ou enfrenta a situação. Toma a segunda solução e proçurao interruptor. Suando frio, não encontra a luz, Acende o isqueiro, A cla­ridade lhe devolve um pouco de coragem. Procura ver de onde vem o barulho. Identifica-se com os objetos e, final­mente, descobre sobre um velho piano um gatinho preto, autor do miado tão assustador. Numa reação natural, entre alívio e ódio, avança para o animal, que foge, deixando o nosso herói quase sem fôlego.

448 – No elevador
Quatro alunos de pé estão parados num pequeno espaço (pode ser marcado por cadeiras ou giz no chão>. Estão num elevador. Eles não se conhecem. De repente falta a luz. O elevador pára e todos se assustam. Os personagens devem então viver quatro diferentes tipos. Um é aquele que resolve tudo, pede calma; outro tem claustrofobia; um outro finge indiferença mas começa a suar frio, e o último histérico grita por socorro, desmaia, etc. Podem ser criados outros tipos e outras situações. Com a batida do tambor o professor anuncia a volta da energia, Alívio geral. O elevador começa a descer. Todos se recompõem.

449 – O suicídio
Uma pessoa resolve se matar. O tema começa com angústia do aluno, ainda indeciso para esta resolução Afinal, demonstrando grande perturbação mental, alienação toma coragem e aperta o gatilho do revólver. A arma falha e o suicida aos poucos cai em si. Sensação de alívio. Finaliza expressando o sentimento de sorte pelo insucessoda tentativa.

450 – O sonho
Quatro pessoas sonham à vontade, segundo o gosto de cada uma. Caminham pelo palco,  sonhando  (estar no mar, na floresta, brigando, etc.). Quando se encontram, tentam mas não conseguem se comunicar (frustração). Ao mesmo tempo que os personagens pensam que é real o acontecimento, não concretizam nada. Abrem a boca para falar, mas não emitem som algum. Às vezes querem caminhar e as pernas estão pesadas. Ambiente de pesadelo Desesperados acabam em completa solidão.

451 – Na exposição de pintura
Uma pessoa, calmamente, admira os quadros de uma exosição. Entra uma segunda pessoa, a quem a primeira deve uma certa importância. A princípio. ela pensa fugir. Não conseguirá, porque a outra está na porta e, fatalmente, será vista. Começa então uma a driblar a outra. Até que se enfrentam galhardamente. Começa, então, um diálogo apa­rentemente normal. O segundo personagem, finalmente, entra no assunto; porém o primeiro com cinismo tenta se desculpar, apresentando argumentos inconsistentes.

 452 – O assalto
Uma pessoa mora numa mansão isolada ~ com um empre­gado apenas.É noite. Ela se prepara para dormir. Ao fechar a janela vê, estarrecida, o empregado ser morto por dois ladrões. Aterrorizada, não sabe o que fazer. Indecisa e desesperada, dirige-se para a porta. Os criminosos, porém, já irrompem violentamente pelo quarto a dentro. Idéia súbita: ela se finge de débil mental. Os ladrões, apanhados de surpresa, não têm' coragem de matá­la, Enquanto um deles tenta arrombar o cofre, o outro com uma arma, vigia a idiota. Percebendo que ela é inofensiva, o ladrão acaba se descuidando. Deixa a arma para ajudar o companheiro. Rapidamente ela se apossa do revólver, e deixa de fingir. Os ladrões pegados de surpresa, ficam para­lisados. Final do tema a critério dos alunos.

453 – Assassinato na praça

Duas pessoas amigas conversam distraidamente num banco da praça. Percebem a aproximação de um terceiro personagem. Este, certo de não estar sendo visto, mata alguém, atrás de uma sebe, As duas amigas, acompanhando seus movimentos com a vista, assistem ao crime estarrecidas. Ao avistar as moças, indeciso, sem saber se foi ou não visto por elas ao praticar o ato, o criminoso se aproxima a fim de obter uma confirmação de sua suspeita. Tenta estabelecer um diálogo. Apavoradas, elas respondem com fingida natu­ralidade. Conforme sua conversa, fica evidenciado se foi ou não presenciado o crime. No caso negativo, ele se retira. Porém, no caso positivo, o criminoso finaliza com uma ameaça violenta às duas.

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