Mais um pouco de improvisação....
424 – Os cegos
Três cegos que não podem
falar, atravessam a cena. Um deles vai à frente, andando e tateando com um
bastão. Os outros o seguem apoiados um no ombro do outro. De repente, o da
frente deixa cair o bastão e começa ansiosamente a procurá-lo. Ao fazê-lo, os
três se soltam, e não conseguem se encontrar de novo. Aflição. Procuram se
achar, fazendo movimentos com os braços, batendo nos obstáculos, cruzam-se sem
conseguir se tocar, até que o da frente acha o bastão. Levanta-se para
prosseguir, ainda procurando os companheiros. Encontra um deles. Ação de
reconhecimento. Alegria. Seguem o caminho, deixando o terceiro desesperado,
entregue à sua própria sorte. Ou, então, não conseguem mais se encontrar, os
braços sempre estendidos para a frente, as mãos tremendo, esperando encontrar
seus companheiros de infortúnio, partem em três direções diferentes e
desaparecem. Se este exercício for bem executado, se os alunos chegarem a dar
impressão de que são
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425 – A visão
mística
Dois camponeses atravessavam
um bosque quando de repente um deles tem uma visão mística, vê (como Joanna
d'Arc os meninos de Fátima, Lurdes), uma imagem se movendo e se aproximando
entre nuvens coloridas, ao som de música celestial, etc, O outro. que nada vê,
fica admirado sem compreender a atitude do companheiro e, boquiaberto, assiste
a metamorfose de sentimentos do amigo, que passa do espanto, à credulidade (por
ser simples) e humildade (cai de joelhos), reconhecimento, prazer, beleza da
visão, alegria por ter sido escolhido para tal missão, de obediência à ordem
que lhe é dada. Finalmente, a visão desaparece. Ele volta à realidade ainda
mudo de espanto, fita o companheiro que nada entende e saem juntos.
426 – O presságio
Um grupo, numa praia deserta. Sensação de
felicidade. Todos admiram o mar, a areia, Os penhascos e a paisagem estranha e
sentem o ambiente. De repente, no ar, passam voando alguns urubus (marcado pelo
tambor). Os alunos distraidamente apreciam o vôo das aves agourentas. Sentem
uma sensação desagradável. Outros urubus passam com muito ruido, grasnando e se
dirigem na mesma direção dos primeiros. Os personagens começam a se angustiar.
Acompanham o vôo das aves e vêem, a certa distância, um cavalo morto sendo
devorado pelos urubus. Sensação da morte, quebra de tranqúilidade. Mudança
brusca de sentimento.
427 – A pulga
Um grupo de pessoas bem
vestidas está na sala de de espera de um ministério. Espera ser recebidos pelo
ministro. Certa desconfiança entre os personagens. A sala está cheia de pulgas.
Todos demonstrando boa educação, cerimoniosos, fingem que não estão sentindo
nada. Solidariedade. Os visitantes começam a sentir os efeitos das pulgas e se
coçam discretamente. A medida que as pulgas atacam, cada vez mais cresce a
aflição. Os personagens vão perdendo a cerimônia. Mais à vontade, acabam por um
matar a pulga do outro, numa confraternização e falta de cerimônia total.
Podemos chamar este tema de "confraternização pela pulga". Termina
com a chegada do Ministro.
428 – Surpresa no
vestiário
Freiras hospedadas num
estádio durante um Congresso. Voltando de uma conferência, á procura do
dormitório, elas se perdem e vão dar ao vestiário dos homens que, no momento,
estão despidos, voltando de um jogo. As freiras ao darem com a cena ficam
estateladas, tendo várias reações: histeria, curiosidade indisfarçada, gritos
como se tivessem visto o demônio, etc.
Os jogadores também
surpresos, procuram se compor, saindo em grande confusão, provocando balbúrdia
geral.
429 – Crime no
fundo do mar
Um casal desce ao fundo do mar, Mímica de
descida. Começam a explorar o fundo do mar, sempre andando em câmara lenta,
maravilhando-se com cada descoberta (conchas, algas, cardumes, etc.). Dois
bandidos, sem serem vistos pelo primeiro casal. também chegam ao mesmo local
em busca de um tesouro. Quando vêem intrusos, resolvem eliminá-los. Armados de
facas, tentam se aproximar do casal, sendo descobertos por aqueles. Começa o
jogo de fuga e perseguição (sempre em câmara lenta). que torna o exer
437 – O galo
morto
No meio do grupo coloca-se qualquer objeto
representando um galo morto. Inicia-se, então, um desfile de pessoas de
determinado tipo, que se manifestarão, com algumas palavras, diante do galo
morto. Cada tipo deverá representar uma profissão que será descoberta pela
assistência, conforme sua maneira própria de se expressar. Por exemplo:
O matemático - ao passar pelo
galo. vendo-o diz:
Morreu o galo. Vê-se logo que, após ter feito
um ângulo de 45 graus. com o pescoço. tombou por terra, depois de haver traçado
nesta superfície uma circunferência de meio metro, ou seja. de 50 cm de
diâmetro.
O cantor de rádio: Morreu o galo.
Cocococococoró, hoje o galo morreu, e assim por diante.
O gramático: Considerando, sob o ponto-de-vista lógico, observamos que
o galo é sujeito; morreu. predicado; mas se considerarmos a oração sob o
ponto-de-vista gramatical. o galo é... etc.
O pintor: Se a plumagem verde e vermelha deste galo não fosse atingida
pelo rubor do sangue. que maravilhosa combinação daria com o cinza do chão,
etc.
O filósofo: Afinal para que serve a vida? e assim por diante, num
desfile de profissões. desde a cozinheira até o padre. passando pelo
veterinário, o macumbeiro,. etc.
438 – O pastelão e os mendigos
O cenário é uma praça com uma padaria. Dois
mendigos estão com fome. Batem à porta da padaria. A padeira nega-lhes pão. A
chegada do padeiro, os dois se escondem. Ouvem o padeiro dizer à padeira que
daí a pouco um mensageiro virá buscar um pastelão para um banquete, mas que
ela só deve entregar o pastelão se o mensageiro cantar tal ou qual música (conhecida>.
O padeiro despede-se e sai. Chega um dos mendigos, canta a música, a
padeira acredita tratar-se do mensageiro. Entrega-lhe o pastelão. Este sai
contente e reparte o pastelão com o amigo. Depois saem satisfeitos, cantando.
Volta o padeiro e pergunta pelo pastelão, pois que ele mesmo resolveu vir
buscá-lo. É mais seguro. A mulher aflita diz que já o entregou ao mensageiro. O
marido pensa que é mentira e bate na mulher com um pau. Esta chora e jura
vingar-se. Voltam os mendigos. O segundo resolve cantar a mesma música para
ganhar outro pastelão. Bate à porta. Chega a padeira. Ele canta. A padeira
resolve pegar o ladrão. Diz ao falso mensageiro que espere pois tem três
pastelões para entregar. Este aguarda contente. A padeira volta com o marido
que lhe dá enorme surra. Este diz que foi o companheiro o culpado. "Então
vá buscá-lo", diz o padeiro. Ele volta à praça e diz ao amigo que a
padeira só dá o pastelão ao primeiro mensageiro. Este acredita. Apanha também
uma surra, depois chega o verdadeiro mensageiro.
439 – A amnesia
Um médico ou enfermeira
conduz seu cliente, que está com amnésia, a um local onde ele havia vivido
parte de sua vida. O tema se desenvolve entre a ansiedade do médico (ou
enfermeira), para que seu cliente volte a se recordar do passado e o
esforço do paciente para se lembrar. Depois de um tempo, finalmente, algum
detalhe traz de novo lembranças vividas, que terminam por curar o doente.
Sensação de alegria, alívio e felicidade para ambos.
442 – A festa e a
morte
Festa exótica num castelo
abandonado. Ao som de música, os convidados riem, bebem e dançam. Forte batida
no tambor. Todos param. Sentem qualquer coisa inusitada. Apenas uma sensação
estranha. Logo em seguida recomeça a alegria como se nada tivesse havido. Nova
batida do tambor. Já mais assustados, os convidados se retiram para o fundo da
sala numa necessidade inconsciente de estarem juntos. Mas é ainda uma
impressão. A festa continua. Até que. a novo som de tambor, aparece uma figura
(a morte), coberta com um pano preto e com un~ bastão na mão. Com passos
lentos e compassados. dirige-se ao centro da sala. Todos ficam paralisados.
Sabem que é a morte e temem-na. A morte, solenemente, depois de fitar a todos,
aponta para um convidado; ligeira sensação de alívio invade a todos. Só o
escolhido acompanha a morte, que se retira, com a mesma solenidade que entrou,
acompanhada pelas batidas do tambor e pela vítima da noite.
443 – Emprego na
TV
Um grupo de pessoas leu no
jornal o anúncio de um diretor de TV fará um teste para uma novela. O tema
começa na ante-sala do diretor da TV. Com os pretendentes chegando.
encabulados, enchendo a ficha com a secretária.
Há um longo momento de espera, em que os alunos se fitam desconfiados,
nervosos e ansiosos. Todos desejam e se acham capazes de obter o emprego. Há um
momento de comicidade, quando os pretendentes se fitam e mentalmente comparam
os seus talentos. Cada um procurando buscar confiança nalgum dote secreto:
"eu sou mais bonito do aquele ali". "eu recito ou canto como tal
ator, etc". Final mente, chega o diretor. Os futuros concorrentes começam
a se sentir inibidos e apavorados. O diretor os examina, como numa feira de
gado. Começa a parte tragicômica do tema. Com brutalidade e sem a menor
complacência, o diretor faz cada um demonstrar seu pretenso talento. Uns
cantam, recitam, sapateiam. fazem mímica. desfilam, etc. Sempre interrompidos
pela voz implacável do diretor e seus comentários pouco amáveis com a
secretária; finalmente, escolhe um esai com o vencedor. Os outros,
decepcionados e humilhados se retiram.
444 – O louco
Duas irmãs estão sozinhas
numa noite de tempestade. Moram com um irmão numa casa à beira de uma estrada.
Naquela noite, estão sós. Chove copiosamente. As janelas batem, o vento derruba
árvores. Uma, mais corajos. a outra, procura se animar ouvindo o rádio. Batem
furiosasamente na porta. Elas se assustam e perguntam quem é. A mais covarde
proibe a irmã de abrir. Discussão. Ai o visitante implora tanto que elas
deixam-no entrar. O estranho explica que houve uma pane no motor do seu carro.
Pede abrigo por aquela noite. Amedrontadas, se entreolham e, entre a pena e o
medo do forasteiro, vence a primeira e mostram um quarto no fundo da garagem.
depois de um café ou uma bebida.
A chuva contínua cada vez mais forte. De repente
ouvem pelo rádio a notícia da fuga de um louco furioso do hospício próximo. O speakcré
representado e (eito por um aluno de fora. Pede que não abram as portas, pois o
louco é muito perigoso e anuncia que dentro de alguns instantes dará a
descrição do fugitivo.
Apavoradas, se lembram do visitante que acabam de
acolher e sentem todo o drama que pode advir disto. A mais medrosa acusa a irmã
de leviana, etc. Novamente, batem à porta. Aliviadas com a chegada de socorro,
sem se lembrarem de mais nada, elas se lançam ao novo visitante, que também se
diz perdido na estrada, com o carro atolado. Acolhem-no e mais que depressa
contam a história do louco preso na garagem. O visitante muito solícito e
amável oferece para ajudá-las e com um enorme cacete se dirige ao primeiro
visitante. As irmãs aliviadas continuam a ouvir o rádio que agora descreve o
louco. Estarrecidas, ouvem a descrição detalhada do segundo homem, o pseudo 5alvador.,Abraçam-se,
apavoradas. enquanto do fundo do corredor ouvem um terrível grito. Depois
silêncio. Ofegante e vitorioso, com as mãos cheias de sangue. aparece o louco
que diz: "está tudo resolvido".
445 – O túnel
Quatro prisioneiros respiram com dificuldade no
fundo de uma caverna escura, dentro de uma montanha, Há vários dias não viam a
luz, prisioneiros nessa caverna. De repente um deles percebe ao longe uma
luzinha. Enchem-se de esperança e começam a caminhar em sua direção. Grandes
dificuldades no caminho - pedras. buracos, barrancos, que com persistência e
coragem atravessam. Finalmente, encontram a saída do túnel. Sensação de
alegria, renascimento, reconhecimento das coisas da natureza: o azul do céu, a
luz, que incomoda os olhos a princípio. o ar que respiram profundamente, a
terra ou a grama na qual rolam com prazer e a sensação de valores até então
esquecidos. da liberdade.
446 – Na cabana
Um grupo de guerrilheiros (4), se esconde
numa cabana na no meio da floresta. Possuem uma arma. Uma vela e a esperança da
chegada de um companheiro com alimentos. A zona está sendo invadida pelo
inimigo. Enquanto esperam. amedrontados e cansados. Cada um vai demonstrando
sua personalidade. Um é covarde e treme de medo. E Outro está doente e
sofrendo, silenciosamente, e espera. Um é o líder e observa o ambiente. etc.
Escurece pouco a pouco. Acendem a vela e
da floresta vêm ruídos de animais, vento,
etc. De repente. todos ficam atentos. Escutam a aproximação ao longe de
um pelotão marchando (tambor). apagam a vela e aguardam. tensos. O pelotão
aproxima. Descobrem a cabana e tentam arrombar a porta. Finalmente ouvem o
pelotão indo embora, alívio geral e descontração. Novamente ouvem passos ,
outro momento de terror, batem a porta, e descobrem que são amigos que
chegaram, novo alívio geral.
447 – O bilhete
misterioso–
evolução do receio, medo e pavor.
Uma criança é raptada. A família recebe um
bilhete miisterioso marcando um encontro numa casa num lugar ermo. O tema
começa quando esta pessoa tomada de coragem. se dirige ao local combinado. A
estrada é deserta. Ouvem-se ruidos estranhos. É noite. Conflito entre o receio
e a coragem. Tudo parece ameaça-lo, o vento nas árvores, o latido de um cão ao
longe. Finalmente, depara com a velha casa deserta. Visão da casa tudo deve ser
sentido pelo aluno. Diirige-se para a porta, que range. Mímica de abri-la e de
entrar num ambiente menos escuro. Medo. Os barulhos se multiplicam, cortinas
esvoaçantes parecem fantasmas, ao tropeçar num tapete enrolado pensa ser um
cadáver. Trêmulo e apavorado, o aluno tem, duas soluções: ou desmaia, ou
enfrenta a situação. Toma a segunda solução e proçurao
interruptor. Suando frio, não encontra a luz, Acende o isqueiro, A claridade
lhe devolve um pouco de coragem. Procura ver de onde vem o barulho.
Identifica-se com os objetos e, finalmente, descobre sobre um velho piano um
gatinho preto, autor do miado tão assustador. Numa reação natural, entre alívio
e ódio, avança para o animal, que foge, deixando o nosso herói quase sem
fôlego.
448 – No elevador
Quatro alunos de pé estão
parados num pequeno espaço (pode ser marcado por cadeiras ou giz no
chão>. Estão num elevador. Eles não se conhecem. De repente falta a luz.
O elevador pára e todos se assustam. Os personagens devem então viver quatro
diferentes tipos. Um é aquele que resolve tudo, pede calma; outro tem
claustrofobia; um outro finge indiferença mas começa a suar frio, e o último
histérico grita por socorro, desmaia, etc. Podem ser criados outros tipos e
outras situações. Com a batida do tambor o professor anuncia a volta da
energia, Alívio geral. O elevador começa a descer. Todos se recompõem.
449 – O suicídio
Uma pessoa resolve se matar.
O tema começa com angústia do aluno, ainda indeciso para esta resolução Afinal,
demonstrando grande perturbação mental, alienação toma coragem e aperta o
gatilho do revólver. A arma falha e o suicida aos poucos cai em si. Sensação de
alívio. Finaliza expressando o sentimento de sorte pelo insucessoda tentativa.
450 – O sonho
Quatro pessoas sonham à
vontade, segundo o gosto de cada uma. Caminham pelo palco, sonhando
(estar no mar, na floresta, brigando, etc.). Quando se encontram,
tentam mas não conseguem se comunicar (frustração). Ao mesmo tempo que
os personagens pensam que é real o acontecimento, não concretizam nada. Abrem a
boca para falar, mas não emitem som algum. Às vezes querem caminhar e as pernas
estão pesadas. Ambiente de pesadelo Desesperados acabam em completa solidão.
451 – Na
exposição de pintura
Uma pessoa, calmamente,
admira os quadros de uma exosição. Entra uma segunda pessoa, a quem a primeira
deve uma certa importância. A princípio. ela pensa fugir. Não conseguirá,
porque a outra está na porta e, fatalmente, será vista. Começa então uma a
driblar a outra. Até que se enfrentam galhardamente. Começa, então, um diálogo
aparentemente normal. O segundo personagem, finalmente, entra no assunto;
porém o primeiro com cinismo tenta se desculpar, apresentando argumentos
inconsistentes.
452 – O assalto
Uma pessoa mora numa mansão
isolada ~ com um empregado apenas.É noite. Ela se prepara para dormir. Ao
fechar a janela vê, estarrecida, o empregado ser morto por dois ladrões. Aterrorizada,
não sabe o que fazer. Indecisa e desesperada, dirige-se para a porta. Os
criminosos, porém, já irrompem violentamente pelo quarto a dentro. Idéia
súbita: ela se finge de débil mental. Os ladrões, apanhados de surpresa, não
têm' coragem de matála, Enquanto um deles tenta arrombar o cofre, o outro com
uma arma, vigia a idiota. Percebendo que ela é inofensiva, o ladrão acaba se
descuidando. Deixa a arma para ajudar o companheiro. Rapidamente ela se apossa
do revólver, e deixa de fingir. Os ladrões pegados de surpresa, ficam paralisados.
Final do tema a critério dos alunos.
453 – Assassinato
na praça
Duas pessoas amigas
conversam distraidamente num banco da praça. Percebem a aproximação de um
terceiro personagem. Este, certo de não estar sendo visto, mata alguém, atrás
de uma sebe, As duas amigas, acompanhando seus movimentos com a vista, assistem
ao crime estarrecidas. Ao avistar as moças, indeciso, sem saber se foi ou não
visto por elas ao praticar o ato, o criminoso se aproxima a fim de obter uma
confirmação de sua suspeita. Tenta estabelecer um diálogo. Apavoradas, elas
respondem com fingida naturalidade. Conforme sua conversa, fica evidenciado se
foi ou não presenciado o crime. No caso negativo, ele se retira. Porém, no caso
positivo, o criminoso finaliza com uma ameaça violenta às duas.