1297 – Quem
conta um conto
Com ampla validade de aplicação com
adolescentes, a técnica representa também um bom argumento para o adulto
perceber o quanto é falha a comunicação verbal, e quanto a mesma se presta a
desvios que comprometem o conteúdo de uma mensagem. Após sua aplicação
costumamos solicitar ao grupo que reflita sobre seu conteúdo e, em pouco tempo,
o mesmo não terá dificuldade em perceber que as palavras somente adquirem sua
verdadeira dimensão como instrumento de comunicação quando se fazem acompanhar
de objetiva clareza e sincera emoção. Desnecessário lembrar que a técnica
presta-se para alertar crianças, jovens e adultos sobre o risco de uma
comunicação imprecisa e sobre a importância de se aferir o sentido de uma mensagem
antes de se concluir sobre o seu conteúdo.
Etapas de Quem Conta um
Conto
Explicar ao grupo os objetivos básicos da
técnica, mas não antecipar as conclusões acima apresentadas.
Solicitar a três ou quatro participantes que
afastem-se por alguns momentos do recinto, mantendo-se entretanto em um local
em que possam ser chamados em poucos minutos.
Contar uma história ou ler uma das duas
propostas a seguir, Solicitando a máxima atenção dos presentes, pois um deles
será escolhido para passar a história a um dos ausentes.
Chamar um dos participantes ausentes a quem a
história será contada por um dos que permaneceram na sala. A narrativa deste
participante não pode ser alterada ou corrigida por eventuais intervenções do
grupo.
Pedir ao participante. que estava ausente e que
ouviu a história que a relate a um outro entre os ausentes que então será
chamado. Após esse relato, o terceiro ausente será chamado para ouvir do
segundo a historia e assim por diante até que a mesma seja contada ao último
que se ausentou. Desnecessário acrescentar que a essa altura a história sofreu
radicais e geralmente engraçadas alterações, mostrando-se sempre muito distante
da original.
Recontar a história novamente e confrontá-la
com a forma com que., progressivamente, foi se alterando.
Reunir
todo o grupo e discutir os objetivos da técnica e o tipo de mensagem que, da
mesma, podemos extrair para nosso cotidiano, na escola, em uma empresa, na
família, na relação social e em outros meios.
Não existe uma forma única
de história a contar. Propomos seguir dois modelos:
MODELO 1
Capitão Terra,
com seu uniforme de visita, cheio de medalhas e galões, chamou em seu gabinete
o sargento Dorneles e transmitiu o aviso:
Sargento
Dorneles, como amanhã haverá eclipse do sol, pretendo que toda a bateria, em
uniforme de campanha, reúna-se às oito horas no pátio novo, onde estamos
estacionando as velhas viaturas. Para explicar a ocorrência desse. raro
fenômeno meteorológico ou astronômico,
virá até nós o Tenente Leão que atuou como adido militar brasileiro
junto à embaixada da Argentina quando do conflito do Atlântico Sul. Caso,
entretanto, chova e a nebulosidade nos impeça de ver o fenômeno que irá ser
descrito, desloque a bateria para o pátio interno onde se fazem as disputas de
salão de futebol e treine, até os limites da exaustão, a montagem e a
desmontagem das novas metralhadoras que chegaram.
MODELO II
Reinaldo
estava esperando pelo ônibus «Itapecerica» quando ouviu a brecada, já
imaginando o acidente. Saiu do ponto, foi ao local e percebeu que o fusca
vermelho da loirinha nervosa havia raspado de leve o monza cinza do cidadão
engravatado, com cara de executivo ou empresário de multinacional. O mais
engraçado é que nenhum dos dois motoristas estava tão exaltado quanto o
passageiro do ônibus que vinha atrás e que, angustiado pelo atraso, clamava aos
céus pedindo que um guincho liberasse a avenida. O congestionamento foi
crescendo e uma verdadeira multidão se aglomerou ao lado do acidente,
dividindo-se entre a culpa da motorista, que se apresentara como modelo, e a
vítima que alegava não ter seguro. O desfecho pareceria intrigante se, de
repente, não passasse pelo local a Lisete, colega do Reinaldo, que,
oferecendo-lhe uma carona, afastou-o desse matutino entrevero.
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