É muito
comum encontrarmos por aí entre aqueles que querem escrever para teatro, a
impressão simplista de que basta uma idéia na cabeça para ter o melhor texto do
planeta. Como escrever fosse racional, matemático e exato. Não basta seguir o
manual, devemos nos apoiar nele, pois nem toda idéia vira texto. Difícil? Se o
caminho das pedras fosse fácil, não haveria tantas pedras no caminho. Mas,
vamos ao que interessa.
Digamos que
a sua idéia seja realmente algo que valha a pena ser contada através de uma
peça de teatro, para isso, precisaremos do elemento que moverá a sua idéia e,
consequentemente, a sua história: o conflito. Se a sua idéia não gera um
conflito, esqueça a peça de teatro. Teatro é a arte da ação e toda ação provoca
outra reação e para uma ação reagir à outra, precisa-se de um conflito e não
uma simples idéia.
Justamente
por achar que uma simples idéia basta para se ter uma história é que muitos
emperram no meio do processo, ou até mesmo concluem seus textos, mas não fazem
dramaturgia, e sim, narrativa contista. Escrever para teatro vai muito além de
uma simples idéia, pois tem que ser contado no tempo presente e tem de desaguar
numa resolução para o dilema que tal história nos contou.
A idéia é
apenas o ponto inicial de um processo longo e árduo. É um trabalho que vai
demandar horas e horas até seu ponto final e, que muitas vezes, ou melhor, na
maioria das vezes, nem é seu ponto final, pois sobre a nossa história ainda
pairará a visão do diretor que montará o espetáculo e do ator que o
interpretará. A impressão pode até ser simplista, mas a forma de fazer é por
demais, complicada.
Penso que
cada idéia deva servir de exercício para quem quer se iniciar na arte da
dramaturgia, pois nada é novo, mas há de se ter a novidade, é o chamado: “fazer
o mais do mesmo”. Por isso, mas do que se preocupar em colocar a sua idéia no
papel, se preocupe primeiro em conhecer todas as técnicas e teorias de como
conceber a chamada “carpintaria teatral”. Busque na sua idéia o que causa o
conflito, aí sim se pode começar a pensar em escrever.
O processo
de escrever um texto para teatro é interminável e inesgotável, pois é através
dele que se leva aos palcos, a vida em pequenas pílulas, contada em diálogos,
mostrando os dramas, as emoções e as celeumas do Ser humano e a arte de
transformar cada uma dessas histórias em um texto para teatral, jamais pode
advir da impressão simplista de que basta uma idéia para se ter o melhor texto
do planeta.
Escrever se
aprende todo dia, praticando, observando comportamentos, situações e conflitos
do cotidiano da vida de cada um. Na maioria das vezes, um simples fato
corriqueiro ocorrido diante de nossos olhos, se transforma num texto que uma
idéia jamais conseguiria imaginar. Idéia pode ser o início, ou fim de um texto,
nunca o texto.
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