terça-feira, 15 de setembro de 2020

O edifício teatral - Tipos de Teatro

 O edifício teatral - Tipos de Teatro

 

Ione Prado

 

 

Teatro de arena: tipo de teatro em que o assoalho do palco fica em nível inferior ao da sala, acomodando-se os espectadores em assentos que se dispõe em semicírculo envolvente.

Anfiteatro: Recinto com arquibancadas ou filas de assentos em semicírculo ou semi-elipse, tendo ao centro um estrado onde se fazem representações de teatro, palestras, aulas, etc.

Palco à italiana: tipo de palco separado da platéia pelo fosso da orquestra, e que tem o seu assoalho dividido em ruas, calhas, falsas ruas, etc., é o palco de formas tradicionais.

Palco elizabetano: tipo de palco em que o espaço cênico fica entre setores da sala, destinado aos espectadores. que o envolvem por três lados.

Espaço Total: (de Grotowski) espaço livre, sem divisão fixa entre palco e platéia onde cada montagem determinará aonde ficarão os espectadores e os atores, que podem inclusive ficar misturados.

Teatro de Alumínio: Pavilhão circense, alongado, de forma retangular que serve de espaço teatral. É desmontável, formado por placas com estrutura de madeira e revestimento metálico. 

Teatro / Arte Dramática: Conceitos

 

Teatro / Arte Dramática: Conceitos

Ione Prado

 

 Definição de Aristóteles, em sua obra “A arte Poética”: A tragédia (O Teatro) é a imitação da ação.

 

Definição de Stanislavski: A arte Dramática é a capacidade de representar a vida do espírito Humano, em público e em forma artística.

A palavra grega TEATRON designava o local destinado à acomodação das pessoas que assistiam à representação. Literalmente significa “lugar de onde se vê”.

 

ATOR: é aquele que pratica a ação, para os gregos era o celebrante do ritual de Dionísio que foi a origem da representação teatral no ocidente.

 

PERSONAGEM: A palavra vem do termo grego Persona. Personagem é a pessoa imaginária que é representada, imitada pelo ator.

 

ESPECTADOR: Ele faz parte do jogo teatral, é alguém que assiste o ator representar, a imitar a ação, mas reage, no momento, como se estivesse diante do personagem a praticar a ação imaginada.

 

ATOR, PERSONAGEM E ESPECTADOR: são os elementos indispensáveis ao teatro. Se um deles não estiver presente, não há teatro. Todos os outros componentes são opcionais, de acordo com a concepção do espetáculo.

 

AUTOR/DRAMATURGO: Artista que escreve a obra/peça teatral (não confundir, nem usar a palavra roteirista para se referir ao teatro. Roteirista escreve roteiros para cinema, televisão e vídeo).

 

TEXTO TEATRAL (PEÇA): Obra literária específica para o teatro, contém os diálogos e as indicações de cena (rubricas).

 

Atenção: Não confundir peça teatral com script cinematográfico. Em inglês script denomina o roteiro de cinema e a palavra Play denomina a peça de teatro.

 

ENCENAR: Encenar é transformar um texto ou uma idéia em um espetáculo teatral. Empregar todos os componentes do teatro para a construção da cena, segundo regras próprias, tendo como objetivo comunicar intelectual e sensorialmente, contando com a colaboração da equipe técnica e de elenco. Numa montagem teatral pode haver a figura do diretor/encenador, ou não. Existem determinados tipos de encenação que não possuem um diretor e sim direção/criação coletiva, improviso ou performance individual.

 

 

Outros componentes (opcionais) do Teatro: Cenário (ambiente e mobiliário), Figurinos (dos atores), Adereços (dos atores), objetos de cena, iluminação, sonoplastia (música e sons de toda espécie), e música ao vivo

 

TÉCNICO: Profissional especializado em atividades de apoio e produção do espetáculo teatral. Entre os técnicos de teatro estão: iluminador/eletricista, sonoplasta, maquinista, cenotécnico, camareira, maquiador, contra-regra, diretor de cena, secretário teatral, costureira, técnico de confecção de adereços e assistente de produção.

 

Camareira: Pessoa que se encarrega do bom estado dos camarins e das roupas que os atores devem usar em cena, mantendo-as limpas e passadas; é quem organiza o guarda-roupa e a embalagem dos figurinos, em caso de viagem do elenco.

 

Cenotécnico: Aquele que planeja, coordena, constrói, adapta e executa todos os detalhes de material, serviços e montagem dos cenários, seguindo maquetes, croquis e plantas fornecidos pelo cenógrafo.

 

Contra-regra: Aquele que executa as tarefas de colocação dos objetos de cena e decoração do cenário; zela pela sua manutenção, solicitando à equipe técnica os reparos necessários; dá os sinais para início e intervalos do espetáculo; é encarregado dos efeitos especiais de luz e som entre outros.

 

Diretor de cena: Aquele que se encarrega da disciplina e andamento do espetáculo durante a representação; estabelece e faz cumprir os horários; elabora tabelas de avisos; comunica ao contra-regra as irregularidades ou os problemas com a manutenção dos cenários, figurinos e adereços.

 

Eletricista: Aquele que instala e repara os equipamentos elétricos e de iluminação; afina os projetores e coloca as gelatinas coloridas segundo o esquema de iluminação do espetáculo; instala e pode manipular o quadro de luz e as mesas de comando dos aparelhos elétricos.

 

Maquinista: Também chamado chefe do movimento ou carpinteiro, é o encarregado da montagem dos cenários com todos os seus detalhes, também responsável pela afinação dos panos, pelas mutações, pelo bom funcionamento de alçapões e calhas e tramóias. Chefia todo o pessoal do movimento, seja no palco, seja nas varandas, cabendo-lhe zelar pela conservação do material que lhe é confiado.

             

            Além dos Técnicos e dos Atores, temos outros Artistas que complementam a arte dramática com sua contribuição para o aspecto, o som ou o clima da cena: cenógrafo, figurinista, aderecista, iluminador/criador da iluminação, coreógrafo (no caso de musicais), compositor de trilha sonora, criador da sonoplastia e assistente de direção.

 

Diretor: É aquele que concebe o projeto do espetáculo, elabora e coordena a encenação, a partir de uma idéia ou texto ou roteiro, utilizando-se de técnicas especiais de modo a obter os melhores resultados da comunicação com o público, auxiliado pelos atores, pelo cenógrafo, pelo figurinista e pela equipe técnica; decide sobre quaisquer alterações no espetáculo, ao qual presta assistência enquanto estiver em cartaz.

 

Cenógrafo: Aquele que cria, projeta e supervisiona, de acordo com o espírito da obra, a realização e montagem de todas as ambientações e espaços necessários à cena, incluindo a programação cronológica dos cenários; determina os materiais necessários; dirige a preparação, a montagem, a desmontagem e a remontagem das diversas unidades do trabalho


 

Figurinista: Aquele (a) que cria e projeta os trajes e complementos usados no espetáculo por atores e figurantes, indica os materiais a serem usados em sua confecção, acompanha e supervisiona e detalha a execução dos seus projetos.

 

Setor Comercial

Para a comercialização do espetáculo teatral contamos ainda com o especialista em marketing cultural (levanta recursos e patrocínio para viabilizar as montagens), produtor executivo, secretário de frente (faz a programação de tournées) e agenciadores de espetáculo.

 

Borderô: Palavra adaptada do francês, bordereau, para designar o balancete semanal da receita contendo o número de espectadores pagantes e os convites registrados em cada dia de espetáculo daquela semana.

Por que aulas de teatro

 

Por que aulas de teatro

 

Atividades de  teatro não existem apenas para aquelas crianças desenvoltas e desinibidas. Segundo a psicóloga clínica e educacional e professora de Artes, Betina Rugna, mesmo para os não-aspirantes à profissão de ator, a prática teatral tem sua importância pela "grande contribuição ao desenvolvimento e formação da personalidade da criança."

O teatro não tem contra-indicação nem pré-requisito. "Além de promover o autoconhecimento e desenvolver a autoconfiança, fazer teatro é um exercício de escuta do próximo", enumera a coordenadora e orientadora cênica da Casa do Teatro em São Paulo, Luciana Barboza. "Todo mundo deveria fazer teatro pelo menos uma vez na vida!", convida Betina. "As crianças que fazem teatro tem uma coisa especial, uma percepção melhor do mundo", completa.

Tão notórios são seus benefícios para a formação de crianças e jovens, que o teatro foi reconhecido como importante conteúdo escolar pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, documentos que orientam o trabalho dos professores do Ensino Básico. Inclusive, já se discute a inclusão da disciplina na grade curricular obrigatória das escolas brasileiras.


Enquanto isso, os pais podem procurar cursos de teatro extracurriculares para proporcionar essa rica experiência ao filho. Geralmente, os cursos são compostos por uma série de exercícios e atividades lúdicas e ao final de cada período, o grupo pensa, monta e apresenta uma peça de teatro.


Se a escola do seu filho não oferece essa opção e um curso extracurricular não cabe no orçamento, tente organizar em conjunto a montagem de uma peça teatral. Os professores de todas as disciplinas podem contribuir e os pais podem ser convidados a ajudar apoiando a produção de figurinos e de cenários, por exemplo. Fique atento também aos cursos e oficinas gratuitos eventualmente oferecidos por grupos de teatro ou pela prefeitura de sua cidade.

 

Veja 10 motivos para seu filho fazer teatro:

1. Aumenta autoestima

2. Melhora a timidez

3. Aprimora habilidade de relacionar-se com os outros

4. Faz com que a criança se conheça mais 

5. Desenvolve consciência corporal e coordenação motora 

6. Ensina a trabalhar em grupo

7. Desenvolve habilidades cognitivas como memória e raciocínio 

8. Expande o repertório cultural 

9. Melhora desempenho escolar

10. Propicia o fazer poético

O QUE VOCÊ QUER DO TEATRO?

 

O QUE VOCÊ QUER DO TEATRO?

 

 Muita gente anda procurando o teatro como um meio de conseguir um lugar na televisão, acho isso até interessante, pelo menos é uma forma de aprender um pouco sobre o que se quer fazer. O problema é que muitos já chegam querendo fazer o papel principal, mas não duram mais do que quatro ou cinco ensaios, isto quando não desistem assim que o diretor lhes dá um papel que para eles seja de pouco destaque.

 Acho que muitos jovens andam equivocados com a questão do “fazer” teatro, pois, muitos vão atrás de algo que dificilmente encontrarão fazendo teatro. É óbvio que quem tem talento, se sobressai, e consegue até ter uma certa fama, obtendo o respeito e a admiração da classe.

Só que o interesse pela fama, tem causado grandes dificuldades para quem quer fazer teatro. Estou cheio de histórias de diretores que não conseguem realizar um trabalho por falta de elenco, principalmente no meio amador, e isso se deve por conta de algumas pessoas, que simplesmente, querem do teatro, somente a oportunidade de poderem inflar seus egos e mostrar-se perante a alguns amigos, mas, não hora do vamos ver, correm do pau.

Tenho notícias que algumas cidades estão passando por uma crise, principalmente com os grupos amadores de teatro, com muitos mostrando uma enorme falta de qualidade, e um total despreparo de algumas pessoas envolvidas, que acham que só porque já subiram em um palco, são demais! E até se arriscam a dirigir, a escrever e a atuar, sem ter um mínimo de noção do que estão fazendo.

É louvável que muitas pessoas até se esforcem para fazer um trabalho digno, mas o problema, está no propósito. O que você quer do teatro? Com certeza, muitos não saberão responder essa pergunta, e com isso, o que se apresenta como teatro, não passa de um arremedo de caras e bocas, e de uma tentativa frustrante de se mostrar algo que não é merecedor de ser visto.

E quem sofre? Quem realmente leva o teatro a sério, pois acaba sendo colocado no mesmo balaio de gatos, sofrendo as conseqüências, como as críticas generalizadas, a falta de público, até o desdém da população sobre a arte que se faz com todo empenho e dedicação.

Vocês hão de concordar comigo, que não temos como impedir isso, porque cada qual é livre para fazer o que quiser, então, que pelo menos, as pessoas que se acham as tais, procurem obter um pouco mais de informação, se interessem um pouco mais em aprender, e nos façam acreditar naquilo que eles fazem, pois aquele que acha que já sabe tudo, nunca saberá o quanto deixou de aprender.

Ah, quanto o que eu quero do teatro, bom, eu quero no mínimo, poder sentar em um teatro e assistir um espetáculo de verdade, e não, brincadeiras de faz de conta.

 

Escrito por Paulo Sacaldassy

 

Colaborou: Oficina de Teatro; Registro de uma das 5 partes de “Os Sertões – O Homem II”, do Teatro Oficina, em sua temporada no Rio de Janeiro. Fotografado no Rio Cena Contemporanea, 2007.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Teatro para quem nunca fez teatro

 Teatro Para Quem Nunca Fez Teatro

(Tenê de Casa Branca

Teatro amador e suas frustrações internas

 

TEATRO AMADOR E SUAS FRUSTRAÇÕES INTERNAS

 

Escrito por Betho Ragusa

Diante dos artigos publicados aqui no Oficina de Teatro e a vasta informação que eles transmitem, posso dizer-lhes que aplico na vida pessoal e na minha pequena Cia de Teatro Amador. E por falar em teatro amador, já li aqui vários artigos que falam sobre isso, seu valor não reconhecido, a escassez de dinheiro entre outros obstáculos.

 

Há seis anos iniciamos (digo iniciamos porque são três os responsáveis pela Cia desde então) um trabalho teatral na cidade de São João da Boa Vista, interior de São Paulo e não é crítica, mas levar o público para o teatro em minha cidade é uma missão quase impossível, portanto sempre produzimos comédia. Nossas técnicas ainda primárias vão sendo aprimoradas através de workshops, palestras, o Projeto Ademar Guerra muito conhecido no Estado de São Paulo, o Festival de teatro que acontece sempre no mês de agosto de cada ano com a presença de jurados que criticam, elogiam, trazem idéias e fornecem material de pesquisa para os grupos participantes e claro, a necessária prática, se é que esta nos leva realmente a perfeição.

 

Como amante da arte, minha preocupação é sempre levar para o palco comédias inteligentes sem a necessidade de usar palavrões que automaticamente arrancam risadas da platéia.

 

Neste mês, exatamente no dia vinte e três fazemos seis anos e o problema principal além de tantos outros que conhecemos de um grupo amador é a falta de comprometimento dos atores. Com o tempo descobrimos que muitos entram na Cia para aparecer, exibir um talento circense ou para perder a timidez, tem ainda aqueles que entram porque a mãe ou pai viram nosso trabalho e pedem para que o filho freqüente nossos ensaios e muitos outros motivos que acabam desestruturando o elenco.

 

Isso me entristece porque fico o ano todo pesquisando outras peças e me inspirando para escrever algo teatralmente decente. Quando chega à época que iniciamos o próximo projeto do ano, todos estão animados, fazem testes e aquele ator fica com a responsabilidade de interpretar tal personagem. Teoricamente é isso que deveria acontecer, mas faltando três meses para a estréia ele chega e diz que foi promovido no trabalho e que de agora em diante não poderá mais comparecer aos ensaios. Outras desculpas também são declaradas como “o namorado não deixa mais”, “minha mãe não pode mais ficar sozinha” e “não estou tendo tempo para nada”.

 

Respiro fundo, restam sete integrantes que ainda levam a sério e é preciso remanejar, alterar texto de uma forma geral e se adequar ao elenco restante. Nessa hora também é injetada altas doses de criatividade, coisa que diga se de passagem nada difícil para um ator e finalmente aquela lacuna é preenchida.

 

Tudo tem o lado bom e ruim e a melhor parte é que nestes anos nunca cancelamos sequer uma apresentação por causa desses faltosos e irresponsáveis para com a arte, afinal, ela deve ser levada a frente e nosso trabalho tem que continuar.

 

E mudando de assunto, espero que eu não tenha saído tão mal em meu primeiro artigo.

 

O amador é quem faz o teatro

 

O amador é quem faz o teatro

 

Escrito por Paulo Sacaldassy

Por mais que procurem não dar importância e, às vezes, até menosprezar o teatro feito de forma amadora, é preciso deixar claro que se comete a maior das injustiças, pois é justamente entre os amadores, que a arte de fazer de Teatro, respira e se revigora dia-a-dia. É no Teatro amador que a arte se preserva e onde se é capaz de ver brotar novos atores de verdade.

 Porque é no teatro amador que se vive de fato, toda a dificuldade que se tem para colocar um espetáculo em cartaz, a necessidade de se custear a produção, de viabilizar a montagem, muitas vezes com recursos ínfimos e escassos e compartilhados pelos integrantes do grupo. E é no teatro amador que se aprende a abdicar da própria vida em favor da arte.

 

Não podemos renegar, diminuir, ou até mesmo desdenhar de quem faz teatro de uma forma amadora devemos sim, louvá-los, pois, todos eles, são desprendidos de quaisquer outros valores, e, levam muito mais em conta a coisa artística do que o lado financeiro, e, em nome do teatro, preocupam-se apenas em mostrar a grandeza na arte de interpretar, esperando apenas alguns sinceros aplausos.

 

Muito me entristece quando desqualificam e diminuem os esforços destes “dom quixotes” do teatro, pois não leva-se em conta, nem mesmo a boa intenção de mostrar a arte do Teatro. É claro que muitos tem defeitos e mostram deficiência nas suas apresentações, mas, precisamos aprender a enxergar em cada uma dessas apresentações, a semente do teatro germinado, que, por certo, mante-rará viva a cultura teatral.

 Seja na escola, na igreja, na associação de classe, a iniciativa de levar a arte do teatro para as pessoas, deve ser respeitada, pois, mesmo que não haja a mesma qualidade que se espera e que se encontra em produções de quem vive da arte do Teatro, a intenção de preservar a magia que a arte de interpretar desperta nas pessoas, precisa ser levada em conta.

 Somente com a preservação do Teatro amador, onde se planta a semente do fazer teatral, que o Teatro sobreviverá. Quem achar que a má qualidade de quem produz teatro de forma amadora pode contribuir para a desvalorização da arte, pode estar comentando um grande equívoco, pois, que atire a primeira pedra, aquele que hoje é um artista famoso, que no início de sua carreira, não fez parte de um grupo amador.

 O Teatro amador precisa ser respeitado e incentivado, ao invés de ser desqualificado e desprestigiado. Quem sabe, a contribuição dos que hoje já são unanimidades do meio teatral, não venha fortalecer e fazer com que o Teatro Amador continue sendo o grande celeiro de novos talentos do teatro nacional?