TEATRO AMADOR E SUAS FRUSTRAÇÕES INTERNAS
Escrito por Betho Ragusa
Diante
dos artigos publicados aqui no Oficina de Teatro e a vasta informação que eles
transmitem, posso dizer-lhes que aplico na vida pessoal e na minha pequena Cia
de Teatro Amador. E por falar em teatro amador, já li aqui vários artigos que
falam sobre isso, seu valor não reconhecido, a escassez de dinheiro entre
outros obstáculos.
Há seis
anos iniciamos (digo iniciamos porque são três os responsáveis pela Cia desde
então) um trabalho teatral na cidade de São João da Boa Vista, interior de São
Paulo e não é crítica, mas levar o público para o teatro em minha cidade é uma
missão quase impossível, portanto sempre produzimos comédia. Nossas técnicas
ainda primárias vão sendo aprimoradas através de workshops, palestras, o
Projeto Ademar Guerra muito conhecido no Estado de São Paulo, o Festival de teatro
que acontece sempre no mês de agosto de cada ano com a presença de jurados que
criticam, elogiam, trazem idéias e fornecem material de pesquisa para os grupos
participantes e claro, a necessária prática, se é que esta nos leva
realmente a perfeição.
Como
amante da arte, minha preocupação é sempre levar para o palco comédias
inteligentes sem a necessidade de usar palavrões que automaticamente arrancam
risadas da platéia.
Neste
mês, exatamente no dia vinte e três fazemos seis anos e o problema principal
além de tantos outros que conhecemos de um grupo amador é a falta de
comprometimento dos atores. Com o tempo descobrimos que muitos entram na Cia
para aparecer, exibir um talento circense ou para perder a timidez, tem ainda
aqueles que entram porque a mãe ou pai viram nosso trabalho e pedem para que o
filho freqüente nossos ensaios e muitos outros motivos que acabam
desestruturando o elenco.
Isso me
entristece porque fico o ano todo pesquisando outras peças e me inspirando
para escrever algo teatralmente decente. Quando chega à época que iniciamos o
próximo projeto do ano, todos estão animados, fazem testes e aquele ator fica
com a responsabilidade de interpretar tal personagem. Teoricamente é isso que
deveria acontecer, mas faltando três meses para a estréia ele chega e diz que
foi promovido no trabalho e que de agora em diante não poderá mais comparecer
aos ensaios. Outras desculpas também são declaradas como “o namorado não deixa
mais”, “minha mãe não pode mais ficar sozinha” e “não estou tendo tempo para
nada”.
Respiro
fundo, restam sete integrantes que ainda levam a sério e é preciso remanejar,
alterar texto de uma forma geral e se adequar ao elenco restante. Nessa hora
também é injetada altas doses de criatividade, coisa que diga se de passagem
nada difícil para um ator e finalmente aquela lacuna é preenchida.
Tudo tem
o lado bom e ruim e a melhor parte é que nestes anos nunca cancelamos sequer
uma apresentação por causa desses faltosos e irresponsáveis para com a arte,
afinal, ela deve ser levada a frente e nosso trabalho tem que continuar.
E mudando
de assunto, espero que eu não tenha saído tão mal em meu primeiro artigo.
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