Só que o interesse pela fama, tem causado grandes
dificuldades para quem quer fazer teatro. Estou cheio de histórias de diretores
que não conseguem realizar um trabalho por falta de elenco, principalmente no
meio amador, e isso se deve por conta de algumas pessoas, que simplesmente,
querem do teatro, somente a oportunidade de poderem inflar seus egos e
mostrar-se perante a alguns amigos, mas, não hora do vamos ver, correm do pau.
Tenho notícias que algumas cidades estão passando por uma
crise, principalmente com os grupos amadores de teatro, com muitos mostrando
uma enorme falta de qualidade, e um total despreparo de algumas pessoas
envolvidas, que acham que só porque já subiram em um palco, são demais! E até
se arriscam a dirigir, a escrever e a atuar, sem ter um mínimo de noção do que
estão fazendo.
É louvável que muitas pessoas até se esforcem para fazer um
trabalho digno, mas o problema, está no propósito. O que você quer do teatro?
Com certeza, muitos não saberão responder essa pergunta, e com isso, o que se
apresenta como teatro, não passa de um arremedo de caras e bocas, e de uma
tentativa frustrante de se mostrar algo que não é merecedor de ser visto.
E quem sofre? Quem realmente leva o teatro a sério, pois
acaba sendo colocado no mesmo balaio de gatos, sofrendo as conseqüências, como
as críticas generalizadas, a falta de público, até o desdém da população sobre
a arte que se faz com todo empenho e dedicação.
Vocês hão de concordar comigo, que não temos como impedir
isso, porque cada qual é livre para fazer o que quiser, então, que pelo menos,
as pessoas que se acham as tais, procurem obter um pouco mais de informação, se
interessem um pouco mais em aprender, e nos façam acreditar naquilo que eles
fazem, pois aquele que acha que já sabe tudo, nunca saberá o quanto deixou de
aprender.
Ah, quanto o que eu quero do teatro, bom, eu quero no mínimo,
poder sentar em um teatro e assistir um espetáculo de verdade, e não,
brincadeiras de faz de conta.
Escrito por Paulo Sacaldassy
Colaborou: Oficina de Teatro; Registro de uma das 5 partes de
“Os Sertões – O Homem II”, do Teatro Oficina, em sua temporada no Rio de
Janeiro. Fotografado no Rio Cena Contemporanea, 2007.