CONCENTRAÇÃO
É um estado
mental caracterizado pela fixação da atenção em relação a um objeto.
A palavra objeto utilizada aqui, refere-se a tudo
aquilo que pode ser vivenciado pela mente humana: coisas, pessoas, idéias,
sentimentos, sensações, interesses, visões e demais experiências do gênero.
·
CARACTERÍSTICAS DA
CONCENTRAÇÃO
Seu processo
caracteriza-se pela fixidez da atenção num determinado conteúdo psíquico.
Só ocorre
plenamente, quando a mente consegue livrar-se de todas as sensações provocadas
por estímulos externos e das vivências interiores, que não tem nenhum tipo de
relação com o objeto da concentração. Para que haja concentração é necessário
que ocorra atenção e silêncio interior.
·
DETERMINAÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO
A determinação
da concentração é dada por um interesse por parte do indivíduo, em integrar-se ao objeto da
concentração e compreendê-lo a fundo .
Essa compreensão é dada quando o percebedor sente o objeto, na sua integração
com o mesmo. Portanto, sua determinação é dada pela motivação de se integrar e
sentir a algo ou alguém.
·
FATORES
CONTRÁRIOS À CONCENTRAÇÃO
São aqueles
fatores que impedem ou dificultam a concentração. Dividem-se em externos e
internos.
Fatores Externos:
1 - ruídos e sons em tome elevado
ou que perturbem quem se concentra;
2 - toques físicos provocadores
de dor ou prazer;
3 - iluminação inadequada: forte
ou fraca, ao que se está fazendo;
4 - envolvimento espiritual
perturbador.
Fatores Internos:
1 - tensões e
dores físicas que perturbem a concentração;
2 - distração
inconsciente, não percebida, que ocorre nos momentos de concentração;
3 - cansaço
gerando a necessidade de repouso;
4 - falta de
informações de como se concentrar;
5 -
indisciplina interior fazendo com que o indivíduo se ocupe de muitos
pensamentos ao mesmo tempo, impedindo-o
de atingir determinado fim;
6 -
perturbações afetivo-emocionais dadas por problemas pessoais, que levam o indivíduo a preocupar-se ou ficar
ansioso nos momentos de concentração;
7 - sentimento
de tédio durante a prática da concentração, fazendo com que o indivíduo faça
uso naturalmente de sua imaginação.
·
TREINAMENTO DA
CONCENTRAÇÃO
É um conjunto de práticas que
ajudam a desenvolver a capacidade de concentração.
Há cinco conceitos básicos a
serem seguidos, os quais contêm várias práticas:
1) Consciência da Concentração
A) Aquisição de informações sobre a concentração:
no momento em que se sabe como se
concentrar, torna-se mais fácil a tarefa
de concentração, pois o conhecimento “é
a luz que ilumina” o caminho do homem;
B) Percepção da desatenção no momento da concentração:
é comum, na prática da
concentração, a ocorrência da desatenção involuntária. Com a percepção desses momentos, torna-se mais fácil a
correção desses erros.
2) Relaxamento
O relaxamento é
uma prática psicossomática, que permite a cada um adentrar no estado eutonia, isto é, de equilíbrio, das tensões físicas e mentais. Serve,
portanto, para ajudar na elaboração de um estado geral de equilíbrio, que
favorece a obtenção de uma maior
concentração. Isto se dá porque quando um indivíduo está tenso, agitado
ou perturbado emocionalmente, bem como rígido ou ainda sentindo dores físicas,
não consegue na sua plenitude, ligar-se ao objeto da concentração.
Assim sendo,
para que haja um relaxamento integral, é necessário que se atinja os três
aspectos que compõem totalidade psicossomática: corporal, emocional e
intelectual.
Descrevemos a seguir as três
etapas que devem compor um relaxamento integral.
1.ª Fase
Corporal
Aqui
pretende-se conseguir um equilíbrio do tônus (tensão) muscular.
É necessário
para que o indivíduo consiga livrar-se das dores tensionais, tendo as condições
básicas para o descanso e equilíbrio interno.
Técnica
Concentrar-se
em cada parte do corpo, gradativamente, auto sugerindo a descontração de cada
uma dessas partes.
Convém, começar
numa parte do corpo, por exemplo, a cabeça ou os pés e ir até a outra
extremidade.
Ao final,
perceber todo o organismo nesse mesmo estado.
2.ª Fase
Emocional
Nesta fase
deseja-se o estabelecimento do equilíbrio afetivo-emocional, dando
tranqüilização ao espírito.
Com o
restabelecimento paz interior a mente se aquieta e com isso torna-se muito
simples a tarefa de concentração.
Técnica
Induzir a
respiração com movimentos abdominais, lenta e compassadamente, de forma
idêntica à que acontece durante o sono normal.
3.ª Fase
Intelectual
Nesta etapa o
que se pretende é a manutenção da mente num estado de , maior quietude, no qual
são evitados os pensamentos contínuos que, normalmente, povoam o quadro mental
das pessoas.
Técnica
Fixar a atenção
numa imagem, som, ponto ou sensação orgânica (tal como a respiração), sempre
sugerindo a calma, a mansuetude e o equilíbrio.
Isto dá
condições para que se rompam alguns “círculos
viciosos” do pensamento ou idéias fixas, que caracterizam o próprio
monoideísmo.
3) Auto-Análise (Autoconhecimento)
Visa,
sobretudo, dar condições para que cada pessoa possa livrar-se de preocupações e
ansiedades que, normalmente, prejudicam o exercício da concentração.
Técnica
Iniciar esta
prática com perguntas, tais como:
- o que estou
sentindo agora?
- o que espero?
- o que desejo?
- o que estou
fazendo?
- o que evito?
Todas elas
devem ser feitas, com o sentido voltado exclusivamente para o momento presente.
A partir dessa
conscientização, torna-se possível e até necessário, o controle das emoções e
desejos, com o afastamento, pelo menos momentâneo, das preocupações.
A auto-análise
pode ser de dois tipos, a saber:
A) Referente aos problemas vitais
Vários são os
problemas que afligem a nossa existência.
São
dificuldades familiares, sexuais, religiosas, econômicas, sociais etc. Cada um
de nossos problemas possui uma carga afetivo-emocional determinada, mais ou
menos controlada, que no seu conjunto geram um grau maior de perturbação na
existência.
A nossa
perturbação vital é conseqüência do acúmulo de nossos problemas vitais.
Uma pessoa
tem alguns ou vários problemas não resolvidos, sofre de uma carga
afetivo-emocional mais ou menos intensa. Isto gera preocupações constantes, que
podem ocorrer até no momento da concentração, prejudicando-a na prática dessa
atividade.
A resolução
dessa problemática se dá através da conscientização.
Esta ocorre pela percepção dos sentimentos, atitudes e desejos. As indagações
já mencionadas anteriormente, gera uma descarga ou “desabafo” das emoções reprimidas. Com isto a pessoa torna-se mais
calma, tendo condições de refletir eficazmente sobre os seus problemas,
alcançando as soluções necessárias.
Este processo
determina uma afetividade mais controlada, propiciando um maior controle vital,
que se caracteriza pela diminuição, ausência ou maior domínio dos problemas
existencial.
B) Nos momentos que antecipam a
concentração
Um pouco
antes do indivíduo se concentrar, é aconselhável que se perceba melhor,
adquirindo consciência do que sente. Com esta conscientização poderá vir a ter
um maior domínio de si na situação, auxiliando na sua concentração.
Poderá,
ainda, afastar-se do trabalho de concentração, se as suas condições forem tais
que lhe seja impossível a sua prática.
4) Concentração Motivada
A experiência
mostra-nos que quando há motivação fica muito mais fácil, a qualquer pessoa,
concentrar-se em determinado objeto. Por exemplo, a leitura de um livro que se
tem interesse.
Técnica
Prestar
atenção, pensar e fazer do interesse do aprendiz.
5) Adaptação Gradativa
É a adaptação
gradativa aos estímulos ambientais, que torna a tarefa da concentração muito
mais fácil.
A) Sons e
ruídos com intensidade variada.
É a adaptação
sonora do organismo.
B) Toques na
superfície do corpo.
É a
acomodação aos estímulos táteis.
C) Iluminação
inadequada (forte ou fraca).
É a adaptação
aos estímulos luminosos.
OBSERVAÇÃO: cada prática
implica na utilização de uma ou mais técnicas. Exemplificando: poderemos ter
uma técnica de “concentração motivada”, mas várias de adaptação gradativa.
EXERCÍCIO
PARA O TREINAMENTO DA CONCENTRAÇÃO
São práticas
sistematizadas, que visam treinar o aprendiz na utilização da sua capacidade de
fixação da atenção.
Há inúmeros
exercícios que podem ser pesquisados nos livros que tratam do assunto. Para
nosso estudo, daremos cinco exemplos.
1) Concentração Visual
Dentre os
vários exercícios de concentração visual, o quadro espiral colorido, que consta
das cores dourado, vermelho, verde, amarelo e lilás, é o mais eficaz por sua
objetividade e simplicidade.
Técnica
Focalizar a visão
no centro do desenho e depois deslocá-la horizontalmente para as duas
extremidades, simultaneamente, mantendo os olhos na mesma cor. Posteriormente,
voltar da periferia para o centro, sempre acompanhando a mesma cor.
Repetir o
exercício para todas as cores, sendo a observação, em uma cor de cada vez.
NOTA: a memorização das cores dá ensejo
à prática da cromoterapia.
2) Concentração Intelectual
Assista à
exposição ou leia um texto e, posteriormente, fale ou escreva a respeito.
Tempo de
duração: um a três minutos.
3) Concentração Auditiva
Ouça
atentamente uma música orquestrada e discrimine os diferentes sons dos
instrumentos.
4) Concentração Olfativa
Em estado de
relaxamento e concentração, estando de olhos fechados, diferencie os vários aromas
que lhe são apresentados a uma certa distância do nariz.
5) Concentração
Imaginativa
Imagine uma
seqüência de representações mentais, obedecendo a uma historieta que lhe é
contada.
Procure
participar ativamente do que lhe é dito, sentindo e identificando-se com os acontecimentos
sugeridos. Exemplos: presença e aproximação de Cristo numa dada paisagem.
OBSERVAÇÃO: cada uma
destas formas de
concentração exercita,
fortalecendo a própria capacidade concentrativa. Ao final de algumas vezes, o
aprendiz estará mais apto a fixar a sua atenção em sons, palavras, conceitos,
odores, objetos e imagens. Em suma, mais capaz de dirigir a sua atenção e
fixá-la por muito mais tempo, num determinado objeto mentalmente representado.