Fábulas – com moral
1. Os viajantes e o urso
Um dia dois
viajantes deram de cara com um urso. O primeiro se salvou escalando uma árvore,
mas o outro, sabendo que não ia conseguir vencer sozinho o urso, se jogou no
chão e fingiu-se de morto. O urso se aproximou dele e começou a cheirar as
orelhas do homem, mas, convencido de que estava morto, foi embora. O amigo
começou a descer da árvore e perguntou:
-O que o urso
estava cochichando em seu ouvido?
-Ora, ele só me
disse para pensar duas vezes antes de sair por aí viajando com gente que
abandona os amigos na hora do perigo.
Moral: a desgraça põe à prova a sinceridade da amizade.
Do livro: Fábulas de Esopo – Companhia das Letrinhas
2. AS ÁRVORES E O MACHADO
Um lenhador foi até
a floresta pedir às árvores que lhe dessem um cabo para seu machado. As árvores
acharam que não custava nada atender ao pedido do lenhador e na mesma hora
resolveram fazer o que ele queria. Ficou decidido que o freixo, que era uma
árvore comum e modesta, daria o que era necessário. Mas, assim que recebeu o
que tinha pedido, o lenhador começou a atacar com seu machado tudo o que
encontrava pela frente na floresta, derrubando as mais belas árvores. O
carvalho, que só se deu conta da tragédia quando já era tarde demais para fazer
alguma coisa, cochichou para o cedro:
– Foi um erro
atender ao primeiro pedido que ele fez. Por que fomos sacrificar nosso humilde
vizinho? Se não tivéssemos feito isso, quem sabe viveríamos muitos e muitos
anos!
Moral: Quem trai os amigos pode estar cavando a própria cova.
Do livro: Fábulas de Esopo – Companhia das Letrinhas
3. A lebre e a tartaruga
A lebre vivia a se
gabar de que era o mais veloz de todos os animais. Até o dia em que encontrou a
tartaruga.
– Eu tenho certeza de que, se apostarmos uma corrida, serei a vencedora –
desafiou a tartaruga.
A lebre caiu na
gargalhada.
– Uma corrida? Eu e você? Essa é boa!
– Por acaso você
está com medo de perder? – perguntou a tartaruga.
– É mais fácil um leão cacarejar do que eu perder uma corrida para você –
respondeu a lebre.
No dia seguinte a
raposa foi escolhida para ser a juíza da prova. Bastou dar o sinal da largada
para a lebre disparar na frente a toda velocidade. A tartaruga não se abalou e
continuou na disputa. A lebre estava tão certa da vitória que resolveu tirar
uma soneca.
“Se aquela molenga
passar na minha frente, é só correr um pouco que eu a ultrapasso” – pensou.
A lebre dormiu
tanto que não percebeu quando a tartaruga, em sua marcha vagarosa e constante,
passou. Quando acordou, continuou a correr com ares de vencedora. Mas, para sua
surpresa, a tartaruga, que não descansara um só minuto, cruzou a linha de
chegada em primeiro lugar.
Desse dia em
diante, a lebre tornou-se o alvo das chacotas da floresta.
Quando dizia que era o animal mais veloz, todos lembravam-na de uma certa
tartaruga…
Moral: Quem segue devagar e com constância sempre chega na frente.
Do livro: Fábulas de Esopo – Editora Scipione
4. A raposa e as uvas
Morta de fome, uma
raposa foi até um vinhedo sabendo que ia encontrar muita uva. A safra tinha
sido excelente. Ao ver a parreira carregada de cachos enormes, a raposa lambeu
os beiços. Só que sua alegria durou pouco: por mais que tentasse, não conseguia
alcançar as uvas. Por fim, cansada de tantos esforços inúteis, resolveu ir
embora, dizendo:
– Por mim, quem
quiser essas uvas pode levar. Estão verdes, estão azedas, não me servem. Se
alguém me desse essas uvas eu não comeria.
Moral: Desprezar o que não se consegue conquistar é fácil.
5. A rosa e a borboleta
Uma vez uma
borboleta se apaixonou por uma linda rosa. A rosa ficou comovida, pois o pó das
asas da borboleta formava um maravilhoso desenho em ouro e prata. Assim, quando
a borboleta se aproximou voando da rosa e disse que a amava, a rosa ficou
coradinha e aceitou o namoro. Depois de um longo noivado e muitas promessas de
fidelidade, a borboleta deixou sua amada rosa. Mas ó desgraça! A borboleta só
voltou muito tempo depois.
– É isso que você
chama fidelidade? – choramingou a rosa. – Faz séculos que você partiu, e além
disso você passa o tempo de namoro com todos os tipos de flores. Vi quando você
beijou dona Gerânio, vi quando você deu voltinhas na dona Margarida até que
dona Abelha chegou e expulsou você… Pena que ela não lhe deu uma boa ferroada!
– Fidelidade!? –
riu a borboleta. – Assim que me afastei, vi o senhor Vento beijando você.
Depois você deu o maior escândalo com o senhor Zangão e ficou dando trela para
todo besourinho que passava por aqui. E ainda vem me falar em fidelidade!
Moral: Não espere fidelidade dos outros se não for fiel também.
6. Unha-de-Fome
Depois duma vida de
misérias e privações Unha-de-Fome conseguiu amontoar um tesouro, que enterrou
longe de casa, num lugar ermo, colocando uma grande pedra em cima. Mas tal era
o seu amor pelo dinheiro, que volta e meia rondava a pedra, e namorava como o
jacaré namora os seus próprios ovos ocultos na areia. Isto atraiu a atenção dum
vizinho, que o espionou e por fim lhe roubou o tesouro.
Quando Unha-de-Fome
deu pelo saque, rolou por terra desesperado, arrepelando os cabelos.
– Meu tesouro!
Minha alma! Roubaram minha alma! Um viajante que passava foi atraído pelos
berros.
– Que é isso,
homem?
– Meu tesouro!
Roubaram meu tesouro!
– Mas morando lá
longe você o guardava aqui, então? Que tolice! Se o conservasse em casa não
seria mais cômodo para gastar dele quando fosse preciso?
– Gastar do meu
tesouro!? Então você supõe que eu teria a coragem de gastar uma moedinha só,
das menores que fosse?
– Pois se era
assim, o tesouro não tinha para você a menor utilidade, e tanto faz que esteja
com quem o roubou como enterrado aqui. Vamos! Ponha no buraco vazio uma pedra,
que dá no mesmo. Que utilidade tem o dinheiro para quem só o guarda e não
gasta?
Do livro: Fábulas – Monteiro Lobato – Editora Brasiliense
7. O cachorro na manjedoura
Um cachorro estava
dormindo em uma manjedoura cheia de feno. Quando os bois chegaram, cansados e
com fome depois de um dia inteiro de trabalho no campo, o cachorro acordou.
Acordou, mas não queria deixar que os bois se aproximassem da manjedoura e
começou a rosnar e tentar morder seus focinhos, como se a manjedoura estivesse
cheia de carne e ossos e essas delícias fossem só dele. Os bois olharam para o
cachorro muito aborrecidos.
– Que egoísta! –
disse um deles. – Ele nem gosta de comer feno! E nós, que comemos, e que
estamos com tanta fome, ele não nos deixa chegar perto!
Nisso apareceu o
fazendeiro. Ao ver o que o cachorro estava fazendo, pegou um pau e enxotou o
cachorro do estábulo a pauladas por ser tão malcriado.
Moral: Não prive os outros de que não pode desfrutar.
Do livro: Fábulas de Esopo – Companhia das Letrinhas
8. O Cavalo Descontente
Sempre podemos
encontrar motivos para nos sentirmos descontentes, se quisermos. Podemos,
também, encontrar argumentos para nos considerarmos afortunados por estarmos vivos.
Tudo depende da maneira como cada um vê a existência.
Era uma vez um
cavalo que, em pleno inverno, desejava o regresso da primavera. De fato, ainda
que agora descansasse tranqüilamente no estábulo, via-se obrigado a comer palha
seca.
– Ah, como sinto saudades
de comer a erva fresca que nasce na primavera! dizia o pobre animal.
A primavera chegou
e o cavalo teve sua erva fresca, mas começou a trabalhar bastante porque era
época da colheita.
– Quando chegará o
verão? Já estou farto de passar o dia inteiro puxando o arado! lamentava-se o
cavalo.
Chegou o verão, mas
o trabalho aumentou e o calor tornou-se muito forte.
– Oh, o outono!
Estou ansioso pela chegada do outono! dizia mais uma vez o cavalo, convencido
de que naquela estação terminariam seus males.
Mas no outono teve
que carregar lenha para que seu dono estivesse preparado para enfrentar o
inverno. E o cavalo não parava de queixar-se e de sofrer.
Quando o inverno
chegou novamente, e o cavalo pode finalmente descansar, compreendeu que tinha
sido fantasioso tentar fugir do momento presente e refugiar-se na quimera do
futuro. Esta não é a melhor forma de encarar a realidade da vida e do trabalho.
É melhor descobrir
o que a vida tem de bom momento a momento, vivendo o presente da melhor forma
possível.
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